Eterna Gratidão á todas as familias movidas pelo amor / Campanha Pró- Transplante "RESPIRAR-IRESC"

AGRADECIMENTO AOS FAMILIARES DOS DOADORES DE ÓRGÃOS Este é um simples agradecimento diante da grandiosidade do ato da doação, por que na verdade nos sobram muitas palavras para expressar tamanha gratidão. Agradecemos a cada familiar pelo SIM à doação de órgãos que não somente salva a vida de alguém, mas que também muda o quadro de uma família inteira que vive a angústia da espera e a expectativa da mudança, quando essa mesma família doadora vive a angústia da perda. Quando este misto de alegria e tristeza, perdas e ganhos, lamentações e orgulho, sofrimento e liberdade vem à tona, os elos contrários que unem as duas famílias desconhecidas se entrelaçam para um objetivo comum SALVAR VIDAS. Diante desse elo de amor, a balança da vida mostra há essas duas famílias unidas por destinos diferentes e complementares lições valiosas: que a perda às vezes não significa perda; significa ganho. E que espera não significa dor; significa alegria. Obrigada você família, pela consciência e amor, puro e genuíno para com o próximo. E acreditamos que a cada dia, muitas famílias terão consciência do ato de doar e salvar vidas. E estas continuarão sendo como as ostras, que no momento que são feridas produzem a PÉROLA! ETERNA GRATIDÃO A TODAS AS FAMÍLIAS MOVIDAS PELO AMOR / Texto extraido do site:http://transplantepulmonar.com/agradecimento.html

segunda-feira, 26 de março de 2012

InCor realiza primeiro transplante de pulmão com órgão que passou por processo de regeneração



O transplante foi realizado na manhã do último dia 2, no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em São Paulo
Agência Brasil

Matheus de Moura, 31 anos, é a primeira pessoa na América Latina a receber um transplante de pulmão com órgão que passou por um processo de regeneração. O transplante foi realizado na manhã do último dia 2, no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em São Paulo.

O transplante foi feito pelos médicos Fábio Jatene, cirurgião e coordenador do Programa de Transplante de Pulmão do InCor, e Paulo Pego, cirurgião e coordenador do Projeto de Recondicionamento Pulmonar do Programa de Transplante de Pulmão do InCor.

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Moura é portador de uma doença chamada fibrose pulmonar. “Fibrose pulmonar causa endurecimento dos pulmões. E, no caso dele, a doença afetou os vasos do pulmão. Esse pulmão endurecido fica menor, mais pesado e com dificuldade para encher e esvaziar o ar”, explicou o médico Fábio Jatene, em entrevista à Agência Brasil.

Em casos de fibrose pulmonar ou de enfisema pulmonar avançado, a saída geralmente é o transplante. O problema é que o procedimento é um dos mais complexos a serem realizados, já que o pulmão é um órgão difícil de ser captado. “Em nossa experiência, conseguimos aproveitar de 5% a 10% dos pulmões dos doadores. Apenas. Esse é um dado ruim porque outros órgãos se aproveitam muito mais, como rim, fígado e até coração. Pulmão se aproveita pouco porque ele tem uma série de condições: ele está aberto para o meio exterior e sujeito a contaminações”, explicou o médico.

Segundo Jatene, quando ocorre a morte encefálica, o paciente é entubado, fazendo com que os pulmões passem a acumular muito líquido, o que é chamado de edema pulmonar ou congestão pulmonar. E isso atrapalha o funcionamento do pulmão. “Quando se idealizou essa técnica [de regeneração do órgão], as pessoas pensaram: 'vamos retirar esse excesso de liquido'. Se o pulmão, de uma maneira geral, está com excesso de líquido, pesado, congesto, com edema, podemos retirar esse líquido e, consequentemente o pulmão passa a funcionar melhor”, explicou.

A captação do órgão é feita da mesma maneira que no transplante convencional. O que muda é que, na técnica antiga, depois de feita a captação, o órgão era colocado numa cuba (recipiente) e depois transplantado. Agora, instalam-se “tubinhos” no órgão, que permitem que o líquido circule. “Ele [pulmão] fica na máquina, nessa cuba, com uma bombinha, fazendo o bombeamento desse líquido por algumas horas. No caso do nosso paciente, ficou por cinco horas fazendo essa circulação de líquido no pulmão”, disse o médico. Só depois disso é que o órgão pôde ser transplantado.

Esse processo é chamado de regeneração do órgão. “O pré e pós-operatório do paciente é o mesmo. Nesta fase é igual, não tem diferença nenhuma. O que é diferente é a partir do momento em que nós captamos o órgão até a realização do transplante”, reforçou Jatene.

A expectativa dos médicos é que, com essa técnica de regeneração do pulmão, um maior número de órgãos possa ser aproveitado para o transplante. "Com esse método poderemos realizar um número maior de transplantes porque vamos obter mais pulmões em boas condições de transplantes. E, consequentemente, vamos poder beneficiar maior número de pessoas e reduzir o tempo de espera desses pacientes para o transplante”, disse.

A fila de espera por um transplante de pulmão no InCor é de cerca de 80 pessoas. Jatene prevê que, com a nova técnica, a média atual de intervenções, de cerca de 30 transplantes por ano, possa ser duplicada. “Temos a expectativa de conseguir aumentar de 50% a 100% o número de transplantes realizados. Fazemos 30 por ano. Se aumentarmos entre 50% e 100%, faremos de 15 a 30 a mais. Se conseguirmos dobrar o número de transplantes, será maravilhoso”, disse.

O paciente que passou pelo transplante no início do mês segue em recuperação. “Estamos prevendo [que o paciente fique] mais alguns dias na UTI [unidade de terapia intensiva]. E, depois, mais uma ou duas semanas no quarto”, disse Jatene. Quando for para o quarto, Moura precisará fazer caminhadas, exercícios fisioterápicos e recondicionamento. “Depois, ele vai fazer a mesma coisa em nível ambulatorial. Ele vai ter retornos periódicos e próximos, para controlarmos os aspectos relacionados à rejeição e à infecção”, disse médico.


Texto Extraido do site:http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/03/vida_saudavel/noticias/1146508-incor-realiza-primeiro-transplante-de-pulmao-com-orgao-que-passou-por-processo-de-regeneracao.html

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pedro Arthur recebe Marcapasso Diafragmático




Depois de sete anos respirando com a ajuda de aparelhos, o menino Pedro Arthur, 8, símbolo da luta contra a meningite no país, se viu livre dos equipamentos. Um marca-passo diafragmático, implantado em uma cirurgia realizada em São Paulo no dia 8 de janeiro, foi ligado ontem. O aparelho permite que o garoto deixe de lado os tubos que o ajudam a respirar.

pedro arthur

A alegria do menino Pedro Arthur no final do procedimento.

A expectativa dos médicos é que o aparelho estimule a respiração espontânea do menino. "O uso do marca-passo será feito de forma gradativa. A cada dia, iremos aumentar o tempo e a frequência. Assim, os músculos do diafragma do Pedro Arthur irão se fortalecer", explicou o médico Rodrigo Sardenberg, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, responsável pela cirurgia. A expectativa é que o garoto já esteja utilizando o marca-passo, em tempo integral, em até cinco meses.

O Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Dr. Antônio Jorge Souza Marques, foi quyem acionou o aparelho que funcionou por cerca de uma hora na tarde de ontem. Também representando Minas, o deputado Anselmo José Domingos esteve presente acompanhando os procedimentos e presenciando a alegria do garoto Pedro Arthur e de sua família. "A felicidade do Pedro Artur ao receber o Marcapasso Diafragmatico é contagiante. Fiquei muito feliz por ele e pelos pais. A equipe médica do Hospital Albert Einstein, aqui em São Paulo, é muito competente e dedicada. A alegria é de todos! Espero que este procedimento seja estendido a todas as pessoas que necessitem dele.", afirmou Anselmo.



dep anselmo com pedro arthur




Rodrigo Diniz, pai do Pedro Arthur, Dr. Rodrigo Sardemberga, coordenador da equipe do Hospital Albert Einstein e o deputado Anselmo - todos felizes com o resultado do procedimento.



Para comemorar, o menino, que está há 39 dias no Hospital Albert Einstein, foi até os jardins da unidade para brincar. "Esse é o resultado da qualidade de vida que lutamos para o meu filho há sete anos", disse o pai de Pedro Arthur, Rodrigo Diniz. A criança é a primeira da América do Sul a usar o marca-passo.

Pedro Arthur é um caso raro de meningite em que a bactéria danificou a medula espinhal sem afetar o cérebro. Como sequela, sofreu paralisia dos membros e do diafragma. As funções cognitivas não foram prejudicadas, diferentemente do que ocorre com praticamente todas as pessoas acometidas pela meningite e nesses casos, a meningite pode levar a uma vida vegetativa ou mesmo à morte.

por Poliane Brandão.

Texto e imagens extraidos do site:http://www.institutopedroarthur.org.br/noticias/169/Pedro-Arthur-Respira-

Marca-passo diafragmático “Respirar com liberdade é um direito de todos”




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Paralisia diagragmática é uma condição clínica grave e incapacitante. Pode decorrer de uma série de doenças, afetando pacientes de ambos os sexos em todas as faixas etárias.

Pacientes com paralisia diafragmática são incapazes de respirar espontaneamente, necessitando de suporte ventilatório permanente.

Estas pessoas apresentam naturalmente uma limitação para o exercício e atividades mais simples do dia a dia, tais como tomar banho, se locomover pela casa, comer, falar, etc...

Um dos fatores que agravam esta limitação é o fato do paciente ficar conectado permanentemente ao respirador.

Com o intuito de melhorar a qualidade de vida destes pacientes, foi desenvolvido um dispositivo que permite a recuperação da função diafragmática, permitindo assim que estes pacientes fiquem livres do respirador.


Após o implante do Marcapasso Diafragmático, alguns pacientes voltam a ter uma vida próxima do normal, podendo retomar os estudos e frequentar ambientes sociais. Há também uma diminuição importante do índice de infecção pulmonar.

Aspectos Técnicos










Texto e imagens, extraidos do site: http://marcapassodiafragmatico.com/

Marca-passo diafragmático: indicação incomum, aplicação bem-sucedida

Rodrigo Afonso da Silva SardenbergI; Liliana Bahia Pereira SecafII; Adriana Cordeiro PinottiIII; Mário Augusto TariccoIV; Roger Schmidt BrockV; Riad Naim YounesVI

ICirurgião Torácico, Hospital Sírio Libanês e Hospital Albert Einstein, São Paulo (SP) Brasil
IIClínica Geral, Hospital Sírio Libanês, São Paulo (SP) Brasil
IIICirurgiã Geral, Hospital Sírio Libanês, São Paulo (SP) Brasil
IVProfessor Associado, Departamento de Neurocirurgia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo (SP) Brasil
VNeurocirurgião Assistente, Hospital Sírio Libanês, São Paulo (SP) Brasil
VIProfessor Associado, Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo (SP) Brasil. Diretor do Centro Avançado de Doenças do Tórax, Hospital Sírio Libanês, São Paulo (SP) Brasil





Ao Editor:

Siringomielia é o desenvolvimento de uma cavidade ou siringe com fluido na medula espinhal. Hidromielia é uma dilatação do canal central causada pelo líquido cefalorraquidiano e pode ser incluída na definição de siringomielia.(1)

Um paciente de 20 anos foi encaminhado ao Departamento de Cirurgia Torácica do Hospital Sírio Libanês como candidato ao uso de marca-passo diafragmático (MPD) com estimulação do nervo frênico, pois apresentava apneia crônica devido a siringomielia e dependia de ventilação mecânica há 5 anos, com repetidas infecções pulmonares e hospitalizações prolongadas. O paciente apresentava boa condição clínica, e a condução do nervo frênico, avaliada por eletromiografia, estava normal.

O paciente foi submetido a minitoracotomia anterior bilateral no terceiro espaço intercostal, com intubação com tubo de duplo lúmen. Os eletrodos foram colocados sob os nervos frênicos (contato direto entre os nervos e o metal exposto) e fixados ao pericárdio com fio de sutura não absorvível 4-0.

Uma bolsa subcutânea foi criada para acomodar os receptores próximos ao rebordo costal inferior, onde os cabos dos eletrodos adentravam o tórax através de um espaço intercostal. Dois dispositivos idênticos foram implantados, um em cada lado, durante o mesmo procedimento. Após a conexão dos receptores aos eletrodos, todo o sistema foi testado, com a ajuda de um engenheiro que estava presente na sala de cirurgia. As incisões foram fechadas por planos, e um dreno torácico de 14F (com válvula de Heimlich) foi colocado.

Não houve complicações durante o período pós-operatório de recuperação, e o condicionamento do diafragma foi iniciado duas semanas após a implantação.

Sinais de radiofrequência, gerados por um transmissor a bateria (Figura 1a), foram enviados por uma antena externa (Figura 1a), fixada aos receptores implantados (Figura 1b), que convertem os sinais de rádio em impulsos elétricos, causando contração diafragmática.

A fim de evitar fadiga, o MPD foi acionado a 15 Hz de frequência durante 15 min de cada hora em que o paciente estivesse acordado na primeira semana, com aumentos de 15 min/semana, conforme a tolerância do paciente. Após 30 dias de uso do MPD, o paciente recebeu alta em boas condições clínicas e foi submetido a 60 min diários de uso contínuo do MPD.

Até o momento em que este texto foi redigido, após 90 dias de uso do MPD, o paciente fora submetido a estímulo contínuo durante aproximadamente 10 h todos os dias, necessitando de ventilação mecânica especialmente enquanto dormia. Não houvera relatos de fadiga muscular. A qualidade da fala melhorara, e o estoma traqueal fora mantido por meio de uma cânula de 6,0 mm de diâmetro.

Em 1972, Glenn et al.(2) introduziram o MPD com estimulação do nervo frênico, usado em pacientes tetraplégicos em suporte ventilatório. Embora o procedimento tivesse sido bem-sucedido, o aumento da experiência com o MPD levou à identificação de um método mais fisiológico de estímulo em pacientes tetraplégicos, utilizando o MPD em ambos os hemidiafragmas simultaneamente, de maneira contínua. Em 1984, relatou-se a experiência de ventilação em cinco pacientes tetraplégicos que utilizaram MPD durante um período de 11 a 33 meses após o condicionamento do diafragma.(3) Os autores obtiveram resultados promissores, demonstrando que era possível estimular, bilateralmente e durante 24 h, o diafragma condicionado.

Tanto em pacientes tetraplégicos como naqueles com síndrome da hipoventilação central congênita (SHCC), o uso de MPD com estimulação do nervo frênico pode melhorar a qualidade de vida, pois elimina a dependência do ventilador. O dano ao sistema nervoso central deve ser acima do segundo ou terceiro nível cervical, já que o uso de MPD só é possível se os corpos celulares dos neurônios forem viáveis (localizados nos cornos anteriores em C3-C5).(3,4) Por outro lado, geralmente não se deve usar MPD em casos de lesão medular cervical em C3, C4 ou C5. Pelo mesmo motivo, doenças dos neurônios motores inferiores ou das células do corno anterior, tais como poliomielite e esclerose lateral amiotrófica, foram consideradas contraindicações para o uso de MPD.(4) Pacientes com SHCC são excelentes candidatos. Alguns deles apresentam hipoventilação apenas durante o sono e podem, portanto, utilizar MPD à noite, o que os livra do ventilador. Os candidatos ideais ao uso de MPD com estimulação do nervo frênico são aqueles com lesões completas da coluna cervical alta (em C1 ou C2) que levam a apneia, aqueles com certos tipos de apneia do sono central ou SHCC e aqueles com tumores do tronco cerebral, infarto ou acidentes vasculares cerebrais associados à SHCC.(5,6)

Os eletrodos do MPD podem ser colocados em posição adjacente ao nervo frênico, no pescoço ou no peito. A abordagem cervical é mais fácil, embora possam ocorrer alguns problemas, tais como infecções locais devido a traqueostomia prévia adjacente à incisão, perda de condução por causa do ramo frênico ao nível cervical e movimentos rítmicos das extremidades superiores causados por porções do plexo braquial que estejam em funcionamento. As abordagens torácicas incluem toracotomia, toracoscopia e cirurgia robótica. Realizamos em nosso paciente uma minitoracotomia bilateral, pois ele apresentava pneumonias recorrentes, e foi necessário realizar decorticação para dissecção do nervo frênico. Nesse cenário, o nervo frênico localiza-se ao longo do mediastino, disposto em ambos os lados, lateralmente ao pericárdio. É importante manter uma margem de 2-3 mm de tecido intacto ao redor do nervo para preservar seu suprimento sanguíneo.(7)

O condicionamento do diafragma exige que a duração do estímulo aumente gradualmente, e o paciente deve ser monitorado atentamente durante o condicionamento.(7-9) A fluoroscopia pode ser utilizada para determinar a excursão máxima do diafragma.(4,6,7)

A seleção dos parâmetros apropriados para o uso de MPD depende do motivo básico pelo qual o paciente necessita de suporte ventilatório. Pacientes com tetraplegia geralmente apresentam significativa atrofia difusa do diafragma; portanto, a duração do estímulo com MPD deve ser aumentada em apenas 3-5 min por dia, a fim de evitar fadiga.(10) Em um estudo, 12 pacientes com tetraplegia e lesão da medula espinhal foram submetidos a implantação de eletrodos de MPD, e 6 deles continuaram com o MPD em longo prazo, com duração média de 13,7 anos.(6)

O uso de MPD pode proporcionar várias vantagens a pacientes com insuficiência respiratória. Tais vantagens incluem uma redução significativa do número de infecções das vias aéreas superiores e de episódios de pneumonia; menores custos individuais de equipamentos para manejo das vias aéreas; melhora da qualidade de vida e da capacidade de fala; prevenção da decanulação da traqueostomia; desmame do ventilador e melhores oportunidades de educação e emprego.

O sucesso em longo prazo do MPD depende de bons critérios de seleção, baseados em avaliações pré-operatórias, de quão bem informados estejam os familiares/cuidadores e de monitoramento atento por parte da equipe médica.

Concluímos que, em pacientes cuidadosamente selecionados, o estímulo com MPD é clinicamente exequível, sem qualquer detrimento clínico ou fisiológico aparente. Os pacientes nos quais o uso de MPD em longo prazo é bem-sucedido demonstram independência social e melhor sobrevida. Embora restrito a um grupo específico de pacientes, o MPD apresenta muitas vantagens em relação aos ventiladores, a principal das quais é uma qualidade de vida melhor.



Referências

1. Henriques Filho PS, Pratesi R. Sleep disorder: a possible cause of attention deficit in children and adolescents with Chiari malformation type II. Arq Neuropsiquiatr. 2009;67(1):29-34. [ Links ]

2. Glenn WW, Holcomb WG, McLaughlin AJ, O'Hare JM, Hogan JF, Yasuda R. Total ventilatory support in a quadriplegic patient with radiofrequency electrophrenic respiration. N Engl J Med. 1972;286(10):513-6. [ Links ]

3. Glenn WW, Hogan JF, Loke JS, Ciesielski TE, Phelps ML, Rowedder R. Ventilatory support by pacing of the conditioned diaphragm in quadriplegia. N Engl J Med. 1984;310(18):1150-5. [ Links ]

4. Adler D, Gonzalez-Bermejo J, Duguet A, Demoule A, Le Pimpec-Barthes F, Hurbault A, et al. Diaphragm pacing restores olfaction in tetraplegia. Eur Respir J. 2009;34(2):365-70. [ Links ]

5. Onders RP, Elmo M, Khansarinia S, Bowman B, Yee J, Road J, et al. Complete worldwide operative experience in laparoscopic diaphragm pacing: results and differences in spinal cord injured patients and amyotrophic lateral sclerosis patients. Surg Endosc. 2009;23(7):1433-40. [ Links ]

6. Elefteriades JA, Quin JA. Diaphragm pacing. Ann Thorac Surg. 2002;73(2):691-2. [ Links ]

7. Miller JI, Farmer JA, Stuart W, Apple D. Phrenic nerve pacing of the quadriplegic patient. J Thorac Cardiovasc Surg. 1990;99(1):35-9; discussion 39-40. [ Links ]

8. Chervin RD, Guilleminault C. Diaphragm pacing for respiratory insufficiency. J Clin Neurophysiol. 1997;14(5):369-77. [ Links ]

9. Wetstein L. Technique for implantation of phrenic nerve electrodes. Ann Thorac Surg. 1987;43(3):335-6. [ Links ]

10. Murray C, Seton C, Prelog K, Fitzgerald DA. Arnold Chiari type 1 malformation presenting with sleep disordered breathing in well children. Arch Dis Child. 2006;91(4):342-3. [ Links ]

Texto extraido do site:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132011000500020&script=sci_arttext

sábado, 21 de janeiro de 2012

DO CABELINHO NAS VENTAS À OXI-HEMOGLOBINA

No campo da respiração, este aspecto da perfeição da natureza, obviamente se faz presente. Tanto no aspecto do seu funcionamento propriamente dito, quanto na diversidade dos mecanismos de defesa existentes.



Cílios da mucosa do nariz

Se não vejamos : quando inspiramos, o ar passa pelo nariz, aonde é aquecido, para que chegue aos pulmões numa temperatura conveniente. A parede interna (mucosa) do nariz é revestida por cílios microscópicos e por cabelinhos visíveis a olho nu. Ambos, cílios e cabelinhos, têm a função de proteção, uma vez que determinadas partículas (poeira, bactérias, fungos, etc.) ficariam retidas nesta espécie de filtro, reduzindo a contaminação do pulmão, um dos cinco órgãos nobres do corpo humano (os outros órgão nobres são: coração, cérebro, fígado e rim).

A traquéia, com a divisão dos brônquios ao fundo, levando o ar para os pulmões direito e esquerdo. Este ducto foi planejado para levar a vida para o interior do ser humano, e não a fumaça originada pela queima de tabaco.

Já dentro da chamada árvore traqueo-brônquica, o ar também irá passar por vários processos purificadores. Existem cílios, glândulas, mecanismos imunológicos, reflexos nervosos, entre outras formas de proteção. O esquema é mais ou menos o seguinte: os brônquios, por onde o ar passa para chegar ou sair do alvéolo, são como canos, pequenos canos.







Toda a parte de dentro destes "canos" é revestida por células, que têm estruturas denominadas cílios (como os cílios do pálpebra, só que microscópicos). Eles ficam em permanente funcionamento, como se fossem vassourinhas, sempre varrendo para cima (imaginando-se a pessoa em pé). Existem milhares de células e cada uma tem 300 cílios, que movimentam-se mil vezes por minuto e, tem uma função parecida com a dos pelos do nariz.






Cílios na traquéia e nos brônquios

Logo abaixo dos cílios, há uns pequeninos buracos que são bocas de glândulas. Estas glândulas produzem secreção, popularmente chamada de catarro. Nesta secreção se encontram presentes as imunoglobulinas, entre outras substâncias.

Resumindo, aspiramos ar, que vem contaminado sempre, com as bactérias, vírus e fungos que estão na atmosfera. Primeiramente ele é aquecido e passa por uma filtragem no nariz, aonde um simples espirro já pode resolver o problema. Seguindo brônquios adentro, pro exemplo, uma bactéria para num dos campos de cílios > imediatamente a secreção é produzida de forma a envolvê-la > imunoglobulinas, presentes nesta secreção, contribuem para inativá-la > os cílios, em eterno movimento para o alto, tratam de devolvê-la para fora, misturada ao catarro > num determinado momento, o reflexo da tosse se incumbe de completar a missão. Faça sol ou chuva, de dia ou de noite, quer se esteja cansado ou não, este processo ininterrupto se dá, sempre com o objetivo de proteção de nosso organismo.

Após esta vigilância, o ar chega a umas pequenas bolas, como uvas microscópicas, chamadas alvéolos. Há 300 milhões destes alvéolos no interior dos pulmões, criando uma superfície de troca gasosa de, aproximadamente, 100 metros quadrados, em média (maior do que muito apartamento bom).

A superfície de troca gasosa do pulmão equivale a uma quadra de tênis, é um espaço imenso, para sugar toda a poluição oferecida pelo fumante.

Em volta de cada um destes milhões de alvéolos, passam umas microveias e artérias com sangue "sujo", i.e., aquele sangue que correu o corpo todo e chega para jogar fora o gás carbônico e receber o oxigênio que acabamos de inspirar. Aí, neste momento, o oxigênio pula do alvéolo para o sangue e, o alvéolo recebe o gás carbônico que na expiração sairá pela boca a fora.

A rede de artérias, veias e capilares de nossos corpos mede 96 mil quilômetros, levando sangue com nutrientes e, infelizmente. substâncias tóxicas, para todos os tecidos, bombeados pelo coração 120 mil vezes por dia.

Leonardo, adolescente campeão mundial Sub-17 de futebol, 1999. A alegria e a vibração jovem, o contrário explícito da utilização de qualquer droga. Capacidade aeróbica plena, oxihemoglobina pura.



Glóbulos vermelhos (hemácias) do sangue

Uma vez entrando naquelas microartérias, o oxigênio se gruda a uma proteína, chamada hemoglobina dentro das glóbulos vermelhos do sangue, como se tivesse achado sua poltrona em um avião, atasse o cinto de segurança e, só fosse saltar de lá quando encontrasse o seu destino, nos tecidos.

Nesta fase se torna a Oxi-hemoglobina. Cada átomo de ferro (que é parte da hemoglobina) liga-se a uma molécula de oxigênio. É deste jeito que o oxigênio vai circular pelo corpo, saltando do avião aos poucos, naqueles lugares aonde está sendo necessário oxigênio livre.

Texto e imagens extraidos do site:http://www.cigarro.med.br

O DISCURSO DO SENADOR BOB KENNEDY EM 1967

A década de 60, do século XX, foi um período importante do movimento contra o fumo no mundo. Uma série de pesquisas científicas da mais alta qualificação, que mostrava a realidade dos malefícios do fumo para a humanidade, foi disponibilizada para a sociedade em geral. Os estarrecedores resultados das pesquisas saíram das universidades e foram revelados à imprensa, à classe política fazedora das leis, às famílias e, principalmente, à classe médica.

Todos os movimentos importantes na história da humanidade estiveram ligados a fatos marcantes. Com o movimento mundial contra o fumo não foi diferente. É considerado um marco, a I Conferência Mundial sobre Fumo e Saúde, realizada em Washington, EUA, em 1967. Logo que comecei a estudar Tabagismo, na década de 70, estimulado pelos professores José Rosemberg e Mário Rigatto, ouvi falar deste evento. Trechos do discurso de abertura da Conferência eram citados aqui ou ali, em algum artigo médico ou palestra em congresso. Movido pela curiosidade e tendo clareza do significado daquele texto, acabei por me corresponder com a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e por obter a íntegra do discurso do senador.

Bob Kennedy

O discurso de abertura foi proferido pelo Senador americano Bob Kennedy (assassinado em Los Angeles, em 1968), irmão do ex-presidente dos EUA, John Kennedy (assassinado em Dallas, em 1963). Vamos traduzí-lo e disponibilizá-lo para vocês, como um documento histórico da mais alta relevência, pois, muito do que fazemos hoje, combatendo a epidemia global do tabagismo, começou naquela década longínqua de 60, em que vocês, adolescentes de hoje, e mesmo muitos de seus pais, nem nascidos eram. Estas palavras também servirão para que vocês tenham idéia de como é difícil banir o fumo de nossas sociedades, pois, já se passaram quase 40 anos que as mesmas ecoaram em Washington e ainda temos 1,4 bilhão de fumantes no mundo de hoje e uma mortalidade, inacreditável, de 5 milhôes de pessoas por ano (tendendo para, em 2020, chegar a 10 milhões de mortes por ano, segundo a estimativa da Organização Mundial da Saúde).

Quando Bob Kennedy sensibilizou-se pelo problema do tabagismo, tornando-se a principal liderança política no combate ao fumo, nos EUA morriam 250.000 pessoas por ano de causas tabaco-realcionadas. Nos dias de hoje, entretanto, chega-se à morte prematura de quase 500.000 americanos por ano (como já escrevi em algum lugar por aí, equivale ao mesmo número de vítimas fatais do ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, de 11 de setembro, a cada 2 dias).

Washington, EUA 12 de setembro de 1967

Discurso do Senador Robert Kennedy,

I Conferência mundial sobre Fumo e Saúde:

" Eu estou honrado em discursar hoje para este grupo diferenciado. Já que eu acredito que a sua conferência seja um dos mais importantes encontros que, em algum momento, já tenham sido realizados para discutir um problema de saúde. A presença de vocês indica a sua concordância com esta constatação_pois, esta é verdadeiramente uma Conferência Mundial e é também uma conferência do mais alto nível. Vocês representam umas 34 nações, o que é uma honra para a conferência, que tantos países tenham enviado tão distintas delegações de autoridades. E é especialmente apropriado que o presidente da sua conferência seja o Dr. Luther L. Terry que, como Ministro da Saúde dos Estados Unidos, foi responsável pelo histórico relatório, sem o qual essa Conferência talvez não estivesse ocorrendo.

Não é surpreendente que vocês tenham dado tamanha importância ao problema, vindo aqui de tão longe. Todos vocês enfrentam crescentes taxas de mortalidade pelo tabagismo. Alguns de forma ainda mais séria do que nos Estados Unidos. A Grã Bretanha, por exemplo, tem uma taxa de mortalidade por câncer de pulmão mais elevada do que a nossa. E todos vocês partilham conosco uma dolorosa falta de conhecimento sobre como convencer pessoas _ particularmente os jovens_ não apenas de que os cigarros vão matá-los, mas de que eles deveriam estar fazendo alguma coisa sobre isto.

A maior parte das minhas observações hoje serão direcionadas à situação nos Estados Unidos. Mas eu creio que elas sejam relevantes e aplicáveis para todos vocês, em maior ou menor grau, dependendo de sua população e do número de fumantes em seus países.

Eu não preciso repassar a vocês, em grande detalhes, a terrível realidade do fumo nos Estados Unidos:

_em torno de um quarto de milhão de mortes prematuras a cada ano por doenças associadas à fumaça do cigarro;

_onze milhões de doenças crônicas extras na população fumante;

_um terço das mortes de homens, entre 35 e 60 anos, são mortes prematuras relacionadas ao fumo de cigarros;

_a conclusão, no segundo relatório do Ministério da Saúde, de que o Tabagismo é a "principal" causa câncer de pulmão e a "mais importante" causa de morte e incapacitação por condições crônicas;

Não é preciso que eu realce a urgência da ação em qualquer detalhe.

_mortes por câncer de pulmão crescendo quase geométricamente_ de 2.500 em 1930, pouco tempo depois do fumo ter tornado-se um hábito nacional, para 50.000 agora;

_48 milhões de americanos fumaram 542 bilhões de cigarros no ano passado, 2,5% mais do que eles fumaram no ano anterior;

_cerca de 4.000 crianças estão começando a fumar a cada dia, próximo de 1 milhão e meio por ano;

_um milhão de crianças, que agora estão na escola, morrerão antes da hora de câncer de pulmão, se as presentes taxas continuarem;

Também não há necessidade para eu documentar estes dados extensivamente. O relatório original do Ministério da Saúde foi baseado em, mais ou menos, 3.000 estudos, e a sua mais recente publicação complementar, foi baseada em 2.000 estudos publicados desde 1964. Nenhuma organização de saúde responsável, que já tenha examinado o problema, discordou desses fatos essenciais.

E, deixem-me enfatizar o que eu penso que é a mais dolorosa projeção de todas. O um quarto de milhão de mortes prematuras são um pouco menos do que a sétima causa de todas as mortes na América a cada ano. Pelas taxas atuais, portanto, um sétimo de todos os americanos vivos agora_ por volta de 28 milhões de pessoas_ morrerão prematuramente de doenças correlacionadas ao tabagismo. Isto é uma estimativa, mas não está longe do alvo.

Tendo expressado esses fatos, deixem-me colocar a minha posição claramente sobre eles.

A cada ano, os cigarros matam mais americanos do que os que foram mortos na primeira guerra mundial, a guerra da Coréia e a do Vietnan juntas; quase tantos quantos morreram, em batalha, na segunda guerra mundial. A cada ano, os cigarros matam mais americanos do que os que morrem em acidentes de trânsito. O câncer de pulmão sozinho mata tanto quanto os que morrem nas estradas. A indústria dos cigarros está espalhando uma arma mortal. Ela está negociando a vida das pessoas, em troca de ganhos financeiros.

Os cigarros teriam sido banidos há anos, se não fosse o tremendo poder econômico de seus produtores. Se o poder econômico da indústria do cigarro fosse tão minúsculo quanto aquele da indústria da maconha, os cigarros certamente seriam ilegais agora e a sua venda sujeita a severíssimas penalidades por danos à saúde.

As companhias de cigarro demonstraram uma total desatenção às suas responsabilidades sociais. Mas, isto é também um reflexo da nossa sociedade _de todos nós_ que o tabagismo tenha sido permitido continuar em vários de nossos países. Não nenhuma razão para que uma nova geração da espécie humana se torne incapacitada e vítima de mortes precoces. Nós precisamos agir_ e agir agora.

Dado o tremendo poder econômico daqueles que se opõem à ação, o que nós realisticamente esperamos fazer sobre este grave problema de saúde pública? Isto é onde essa conferência entra, com um papel importante a representar_ e tem que representá-lo. Porque eu acredito que vocês possam_ e devem_ usar esta oportunidade para desenhar um roteiro para o resto de nós, nos Estados Unidos e em seus próprios países. Vocês podem utilizar estes poucos dias para dizerem o que deve ser feito_ pelos governos de todos os níveis, pelas agências voluntárias e pelas pessoas elas mesmas. As suas recomendações para um espectro de ação específico serão de grande valor.

Há, pelo menos, três questões fundamentais à frente de vocês:

_O quê pode ser feito para desencorajar os jovens a começarem a fumar?

_ O quê pode ser feito para encorajar aqueles que já estão fumando a abandonarem o hábito?

_O quê pode ser feito para criar cigarros relativamente menos nocivos à saúde?

Cada uma destas questões, por sua vez, levanta outras.

Primeira: E a publicidade dos cigarros? Em torno de 300 milhões de dólares por ano são gastos nos Estados Unidos apenas em televisão, rádio e jornais, como esforços para iniciar os jovens no fumo e fazer com que outros continuem com os seus hábitos. Seriamente, nós não podemos esperar transformar os hábitos tabágicos das pessoas, enquanto 300 milhões de dólares por ano saõ gastos para aumentar o número de drogadictos. Ação é necessária para limitar e contra-atacar esta investida maciça.

Se nós estamos começando agora, eu diria que a primeira linha de ação deveria ser a auto-regulação da publicidade da indústria. Mas, há anos temos testemunhado uma charada no significado da auto-regulação. As regras da auto-regução têm sido totalmente ineficazes, e eu tenho pouca esperança de que haja mudança.

Recentemente, por exemplo, a Comissão Federal do Comércio, relatou que o jovem assiste a mais horas de televisão com patrocínio de cigarros do que o adulto.

E vejam as tolas distinções criadas no recente regulamento divulgado pelos diretores das redes de televisão, que passaram a valer há poucos dias atrás. Esportes ativos, tais como beisebol e tênis, não podem ser mostrados, mas a pesca pode, às vezes_ isto é, a pesca com vara pode ser exposta, mas não a pesca que envolva esforço, como a do marlin. E, embora a atividade de esportes ativos esteja proibida, está tudo bem mostrar uma pessoa com o apoio de um esporte_ fumando após uma partida de tênis, imagina-se. Pessoal uniformizado _ como pilotos de linhas aéreas_ não podem aparecer no primeiro plano de um anúncio, mas pode ser parte do segundo plano.

Mais importante, as regras usam 45 por cento ou mais da audiência como um teste para saber se o programa é orientado para a juventude ou não. Tanto quanto eu saiba, o Beverly Hillbillies é o único programa até aqui onde a publicidade, uma vez iniciada, foi interrompida após estes testes. Mas há dúzias de eventos nacionalmente televisionados_ especialmente eventos esportivos_ onde milhões assistem, incluindo milhões de crianças, mesmo quando eles não fazem parte dos 45 por cento de audiência. O regulamento não alcança esse problema.

Portanto, eu penso que ninguém, até agora, pode impressionar-se com a auto-regulação. Contudo, eu escrevi recentemente para as maiores companhias de cigarro e para as redes de televisão, para questionar que degraus adiconais na auto-regulação eles planejam dar. Eu espero discutir este asssunto com representantes das duas indústrias.

O eles deveriam fazer? Eu acho que há, no mínimo, três passos que deveriam ser dados: não haver publicidade de cigarros antes das 21 horas, um passo que o congresso nacional clamou por, em sua última convenção; uma mais realística definição dos programas aos quais haja uma maior tendência de serem assistidos pelos jovens; um limite na quantidade total de publicidade. Eu enfatizo esta última para as redes de televisão, porque uns 15 por cento de seu tempo de publicidade é para cigarros. Se pensa-se banir a publicidade de cigarros em uma rádio ou televisão_ e eu estou a favor deste banimento_ isto será melhor preparado se eles voluntariamente reduzirem o volume de anúncios de cigarros e os substituírem por outros patrocínios.

Estando longe de um banimento da publicidade, que não parece factível no momento, o que deveriamos nós no Congressso fazer agora? Nós poderíamos fazer valer o projeto de lei sobre alcatrão-nicotina, proposto pelo Senador Magnuson_ que liderou a luta pelo Congresso de Fumo e Saúde e vai discursar mais tarde para vocês. Esse projeto de lei vai obrigar a exposição das taxas de alcatrão e nicotina nos maços de cigarros e na publicidade. Eu acredito que esse projeto vá encorajar uma "construtiva corrida para reverter a taxa de alcatrão"e, eu penso que deveria ser votado_ agora.

Além disso, eu planejo amanhã colocar dois projetos de lei relativos à publicidade.O primeiro é uma versão reforçada do projeto do Senador Neuberger, obrigando a colocação de uma advertência em toda a publicidade-- "Advertência: Fumar é perigoso para a saúde e pode causar a morte por Câncer e outras doenças". Enquanto, em 1965, a lei dos rótulos foi um pequeno passo adiante, ela não reduziu o fumo de forma apreciável. Chegou a hora de que a obrigação da advertência seja extendida à publicidade. O segundo projeto de lei autorizará a Comissão Federal das Comunicações a regular os tempos e os tipos de programas nos quais a propaganda de cigarros poderá aparecer, assim como, o volume total desta propaganda. Esses são os passos na auto-regulação que eu clamo às indústrias, mas a Comissão Federal das Comunicações (CFC) deveria ter o poder de impô-los, no caso da indústria não agir.

Para qualquer um que se oponha a estas propostas, considerando-as improcedentes ou extremadas, eu preciso apenas citar a observação da Comissão Federal das Comunicações, reafirmando a sua disposição de regulamento "jogo franco", colocada há poucos dias. A Comissão disse que não conhecia "nenhum outro produto propagandeado, cujo uso normal tenha sido responsabilizado, pelo Congresso e pelo Governo, como um sério risco potencial à saúde pública".

Houve uma importante e encorajadora evolução no olhar das propagandas de cigarro_ o regulamento da CFC, com a doutrina do "jogo franco", a qual acabo de referir-me. Esta decisão ainda tem tido impacto. Uma estação de televisão de Chicago recentemente concedeu 17.500 dólares de suas entradas de publicidade para mensagens educacionais sobre o fumo. Uma estação de televisão de Ohio, que atualmente tem 46 propagandas de cigarros por dia, concordou em apresentar um número igual de mensagens anti-fumo. E a Sociedade Americana contra o Câncer, que distribuiu 1.100 cópias de mensagens para TV nos últimos três anos antes do regulamento da CFC, enviou, desde então, mais 2 mil cópias em apenas três meses.

Como todas as leis, essa regra inteligente e construtiva será de menor valia se não for reforçada. A aceitação já tem sido boa em algumas localidades. Mas há 3.000 mensagens de cigarro na televisão toda semana, em todo país. De acordo com o guia da CFC, deveriam aparecer, entretanto, em torno de 1.000 mensagens contra o fumo em resposta. Algumas delas deveriam aparecer nos espetáculos das redes que mais propaganda de cigarro mostram. Para reforçar a aceitação, eu solicitaria urgência na CFC para a criação de uma Unidade para relatar as falhas no acordo. E, eu confio que as estações de rádio e televisão relatarão o volume de mensagens de advertência de riscos para a saúde que eles apresentarão para a Sociedade Americana contra o Câncer e outras agências voluntárias.

Eu também solicitaria aos delegados americanos para que, quando voltarem para casa, organizem grupos para monitorar estações de rádio e televisão para checarem o cumprimiento da norma e encaminhar queixa à CFC se estiver havendo irregularidades. Isto já foi feito em Denver, e talvez em algum outro lugar. Isto deveria ser feito em todos os lugares, porque eu acredito que o regulamento da CFC seja um dos projetos mais promissores que já criamos, com o objetivo de tornar os americanos conhecedores dos perigos de fumar cigarro.

Houve alguma especulação, de que a legislação que requeria um aviso de advertência na publicidade em cada anúncio levaria ao cumprimento da doutrina "jogo franco", e eliminaria a necessidade por tempo gratuito de propaganda anti-fumo. Eu não aceito esta interpretação, e portanto, irei introduzir, no Senado, esta legislação da advertência. A advertência não se alonga sobre o problema do fumo. Ao contrário, ela contém apenas uma conclusão de que o fumo é danoso á saúde. Em meu julgamento, apresentações afirmativas dos fatos que estão por trás do problema serão de grande valia.

Deixem-me dizer uma palavra a mais sobre a publicidade dos cigarros, ou, ao contrário, deixem Emerson Foote dizer a última palavra, já que ele coloca as coisas tão bem. Aqui está o que ele escreveu-me, e esta é a sua carta, na íntegra:

"Para mim, a situação da publicidade de cigarros na televisão é assim:

1. A propaganda na televisão encoraja as pessoas a fumarem cigarros.

2. Os cigarrros matam as pessoas_ em grande número.

3. Não é moralmente justificável encorajar as pessoas a matarem-se.

4. Portanto, a propaganda de cigarros na televisão deveria ser banida."

E com isso, eu concordo.

Segunda: Qual deve ser o conteúdo dos esforços educacionais contra o fumo? Nós não sabemos ainda o bastante sobre quais são as técnicas mais eficazes em convencer os jovens_ e seus pais_ a não fumarem. Vocês devem, portanto, trocar visões sobre o conteúdo do material educacional, sobre como conduzir clínicas de abstinência, sobre o tipo de apelo e condução mais eficaz. Esta troca é especialmente importante após a oportunidade apresentada pela regulamentação da CFC. Ela vai beneficiar a todos nós.

Eu apenas sugeriria que o material anti-tabagismo devesse mostrar clara e graficamente o perigo envolvido, e com toda a ingenuidade que a Avenida Madison usa para sugerir que fumar é uma atividade desejável. Uma sugestão, que julgo apropriada, seria colocar o viril cavaleiro com uma tatuagem em sua mão, de fronte a uma placa de hospital e vê-lo dizer: "Este é o mundo do Enfisema".

Deixem-me acrescentar que o tema da educação dos pais é importante em nossa sociedade, não apenas para a saúde deles, mas é crítico se quisermos obter qualquer sucesso com as crianças. Pois, se as crianças veem seus pais ou professores fumando, esforços para convencê-las a não fumar difícilmente surtirão algum efeito.

Terceira: Qual é o papel dos vários institutos em nossa sociedade para desencorajamento do fumo? Nós discutimos algumas coisas que os governos devem fazer. Deveria o governo também proibir o fumo com a docilidade que ele o faz? Deveriam os empregadores privados agir de forma semelhante? Deveriam as agências de saúde expandir as suas atividades? Essas são todas questões para as suas considerações.

Quarta: Como poderíamos encorajar o desenvolvimento de cigarros menos nocivos? Nós temos que, acima de tudo, ser cuidadosos para que este esforço não engane o público. Pois, é bem provável que o fumante comum acabe por continuar a fumar, na crença de que o cigarro mais 'saudável' está bem ali na esquina. Não há cigarro saudável, nem agora e nem num futuro próximo. Ao público não deve ser permitido pensar de outra forma.

Por outro lado, nós não sabemos se cigarros com menos alcatrão e menos nicotina são menos nocivos. O Dr. George Moore contou à Comissão de Comércio do Senado, na semana passada, que cigarros com menos de 15 miligramas de alcatrão são tão perigosos quanto a média dos cigarros. É por isto que o projeto de lei do Senador Magnuson, sobre a revelação dos teores de alcatrão e nicotina é tão construtivo. É por isto que a maior parte dos cigarros de 100 milímetros é tão especialmente perigosa, e deveria ser banida. É por isto que seria uma boa idéia colocar um círculo vermelho no cigarro, para avisar o fumante quando a porção de alto teor de alcatrão tiver sido alcançada; ainda mais eficaz seria um alumínio que iria apagar o cigarro naquele ponto.

E é por isto que eu vou introduzir um terceiro projeto de lei amanhã, para estabelecer uma escala crescente de impostos sobre os cigarros. A taxa atual_ 4 dólares por 1.000 cigarros_ permaneceria em cigarros com menos de 10 miligramas de alcatrão e 0,8 miligramas de nicotina. Os outros teriam taxas mais elevadas, com uma taxa de 15 dólares por mil, imposta aos cigarros com mais de 30 miligaramas de alcatrão e 1,6 miligramas de nicotina. O Rosewell Park mostra que 18 marcas cairiam nesta categoria, assim como a maioria dos cigarrros de 100 milímetros. A legislação apressaria o desenvolvimento dos cigarros com baixos teores de alcatrão e baixos teores de nicotina, e possibilitaria que o público percebessse os cigarros mais perigosos, devido aos seus preços mais altos.

Nós devemos também encorajar pesquisas para fazer um fumo menos nocivo_ e a discussão de vocês, nesta Conferência, pode levar a tal programa. As questões são complexas. Eles colocam a possibilidade de, usando diferentes porções da folha de tabaco, desenvolver diferentes formas de liberar a fumaça dentro do sistema do consumidor. Nós precisamos da sua liderança em todas as pesquisas necessárias.

Quinta: Já que essa é uma Conferência internacional, eu peço aos delegados de outros países para questionar-nos sobre se é certo que nós estamos fazendo, sobre cigarros, em seus países. Pois, o nosso Departamento de Agricultura ainda gasta 200.000 dólares por ano, para subsidiar a publicidade além-mar dos cigarros americanos. E ele ainda mostra no estrangeiro, um filme promocional produzido por Hollywood para o tabaco dos Estados Unidos, enquanto que aqui, outras agências do governo criam campanhas contra o fumo.

Nenhuma dessas são questões fáceis de responder; se elas assim o fossem, vocês não estariam aqui hoje. Nem o esforço que vocês irão dispender esta semana resultará em imediato sucesso_ este ano ou no próximo. E, os três projetos de lei que irei introduzir amanhã podem não ser efetivados logo. Para a indústria, nós procuraremos regulá-la poderosamente e com bastante recursos. Cada novo esforço para regulá-la trará novas formas de evasão, como o banimento da publicidade na televisão na Grâ Bretanha que trouxe, dali em diante, uma declaração de guerra para promover o fumo.

E ainda, nós devemos estar prontos para a tarefa. Pois, o que está em jogo são nada menos do que a vida e a saúde de milhões por este mundo à fora. Mas essa é uma batalha que pode ser ganha_ e com o compromisso que está demonstrado por esta Conferência; com o compromisso que todos vocês atestam por estarem aqui e pelos seus trabalhos em casa. Eu sei que esta é uma batalha que será ganha.

(Senador Robert 'Bob' Kennedy, 12 de setembro de 1967)

'Bob' Kennedy morreu 237 dias depois de pronunciar esse discurso, em 6 de junho de 1968. Recebeu um tiro à queima-roupa, disparado por um palestino, de nome Sirhan Bishara Sirhan. Até hoje, o crime não foi definitivamente esclarecido.



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A EXCURSÃO DE CRISTÓVÃO COLOMBO e A INVASÃO DAS TERRAS INDÍGENAS 1492




Como vocês estão cansados de saber, com a História fresquinha na cabeça, foi em 1492 que o pessoal comandado por Cristóvão Colombo deu em terras americanas.

Colombo, que era avançadíssimo para o seu tempo, tinha sérias suspeitas de que a Terra fosse redonda e buscava um outro caminho que levasse às Índias. Acabou por descobrir um continente. Apesar de ser italiano, genovês, sua empreitada foi bancada pela coroa espanhola, após o seu projeto de viagem ter sido rejeitado pelos portugueses. Morreu na Espanha, em Valladolid, em 1506, aos 55 anos.

Na verdade, o chamado "descobrimento" é um lance meio esquisito de se compreender, estando mais para uma invasão, isto sim, uma vez que por aquelas terras já havia um bom número de seres humanos. Pela versão oficial, eles estavam carentes de orientação, prontos a serem catequizados e submetidos à nova ordem mundial. O mesmo, aliás, ocorreu no Brasil, onde à época do nosso "descobrimento", havia 5 milhôes de índios. Hoje, cinco séculos depois, são pouco mais de 700 mil. Portanto, ao analisar esses números, vemos que o "descobrimento", foi o de como dizimá-los.

Estes, assim chamados, nativos, repletos de hábitos peculiares, aos olhos dos civilizados europeus, tinham um que chamou particularmente a atenção: punham-se em círculos, em momentos de ritual de grupo, com muita cantoria e muita dança, e aspiravam a fumaça de umas folhas que queimavam.

Só este ritual bastaria para ser incorporado ao jeito europeu de ser, mas, além disto, diziam que a fumaça do tabaco tinha propriedades medicinais. Portanto, além ser alegoria e adereço do barato grupal, ela supostamente curava doenças.

Ilustração de Rhobson Bola

Quando a excursão se encerrou, na bagagem de volta, entre outras espécies de plantas do "novo" continente, mudas daquelas folhas foram parar em solo europeu.

Séculos se passaram, e é como se os índios, após tanto desrespeito, quando suas crenças foram menosprezadas, quando as suas famílias foram dizimadas, quando não tiveram a posse da terra reconhecida, tendo de se contentar com reservas, tivessem exportado uma bomba de efeito retardado, sob a forma de uma planta, que hoje é responsável pela morte de 5 milhões de pessoas no mundo por ano _ a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que serão dez milhões de mortes por ano, a partir do ano 2020.

dados de 2008

No Brasil hoje, há mais de 300 etnias indígenas, que falam por mais de 220 línguas diferentes.

Um pulmão normal, ladeado por um pulmão de fumante com câncer.

CAMPANHA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE CANADENSE.



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UM CERTO Sr. JEAN NICOT



Diz a lenda, que havia em Portugal um certo cavalheiro chamado Jean Nicot, apesar de nascido em Nimes, lá viveu por muitos anos, como embaixador da França. Em 1558, preocupado com uma terrível enxaqueca que perturbava a vida de sua Rainha, Maria Catarina de Médicis e, ante a qual todos os médicos que a atendiam já haviam entregado os pontos, tem a sui generis idéia de enviar-lhe folhas da planta, para um tratamento com a inalação da fumaça, sobre a qual se falavam maravilhas curativas. Em termos de saúde pública mundial, pelo número de mortes associadas ao fumo, bem melhor teria sido, se Nicotzinho tivesse disseminado no continente europeu o hábito indígena de andar de tangas.

capa do livro de Bruno Astuto, Editora Nova Aguilar

Dizem as más línguas, que a Rainha nunca se curou da realíssima enxaqueca e que jamais parou de cheirar aquela fumaça. A planta ficou, durante algum tempo, sendo chamada de "A erva da Rainha" ("Queen's herb").

Tamanha importância foi atribuída ao embaixador que, não se sabe se para "encarnar na pele" do homem ou não, coube-lhe a honra de ver-se batizando o nome científico da planta: Nicotiana. Mais tarde, acabou também contribuindo para que uma das substâncias mais maldosas que a humanidade tem notícia, levasse o seu nome às escondidas: Nicotina.

Poucos sabem, entretanto, que além de ter seu nome tão relacionado à planta mais perigosa do planeta, Jean Nicot foi também o criador do primeiro dicionário da língua francesa, em 1606.

Bom, precisava-se dar um sobrenome à Nicotianinha, mas há controvérsias quanto à sua origem. Por um lado, Trinidad Tobagum foi o nome dado a uma das terras recém-descobertas por Colombo. Por outro, os "nativos" usavam um instrumento para melhor aspiração da fumaça e, este instrumento chamava-se tabacum, nome oriundo dos índios arouaks do Haiti. Entretanto, pesquisadores afirmam que a ilha do Caribe tem a forma do cachimbo e, daí o seu nome.

Por exigência de formalidade científica, estava então nomeada, pelo botânico Jacques Daléchamp, a Nicotiana tabacum.


Plantação de Nicotiana tabacum

Bom, esta é a origem oficial do nome da planta de fumo, aquela que vocês encontrarão na maioria dos livros especializados e nas enciclopédias. Há, porém, controvérsias... Alguns historiadores e pesquisadores atribuem ao Frei André Thevet, franciscano, que participara da excursão de Villegagnon, a introdução das plantas de fumo na Europa, a partir de sementes que ele mesmo levara do Brasil (e não, portanto, da América Central) e plantara, inicialmente, em sua própria casa ao retornar da viagem.

Frei André Thevet

Texto e Imagens extrados do site:http://www.cigarro.med.br/

OS DISCURSOS DA DRA. GRO BRUNDTLAND




A norueguesa Gro Harlem Brundtland é minha 'ídala', a personalidade por quem tenho a maior admiração, quando o assunto é tabagismo. Enquanto diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), aliás, a primeira mulher a ocupar tal posição, assim que assumiu a tarefa, em 1998, decretou que o tabagismo seria a sua prioridade. A Dra.Gro, ex-primeira ministra da Noruega (também a primeira mulher a chegar a esta posição política em seu país) e ex-presidente da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, na década de 80, é conhecida dos brasileiros por haver, como ecologista que também é, presidido a Rio-Eco 92, no Rio de Janeiro. Ao final de seu mandato à frente da OMS, teve o mérito de haver conseguido a façanha de deixar-nos um tratado mundial contra o fumo, quando, pela primeira vez, as nações mais importantes do planeta concordaram em estabelecer regras para banir o tabaco.

Como diretora-geral da OMS, a cada ano, nos momentos destinados à campanha mundial contra o fumo, em torno do dia 31 de maio, a minha 'ídala' discursava, tentando convencer governos, ministros em geral, autoridades sanitárias, pessoas comuns, fumantes ou jovens iniciantes na furada.

Sei que pedir a vocês adolescentes que leiam mais discursos é muita pretensão da minha parte, porém, como vocês já devem ter percebido, sou um cara sonhador. Na verdade, sou movido a sonhos. Até porque, se não o fosse, jamais teria escrito este trabalho, pois, existem poucos sonhos tão altos quanto tentar fazer adolescentes pensarem antes de decidir começar a dar as primeiras assassinas tragadas. Não faltaram palavras desencorajadoras quando iniciei essa aventura de trabalhar esse tema com vocês.

E qual é o meu objetivo ao pedir que vocês leiam as palavras de uma senhora que poderia muito bem ser a avó de vocês? E que avó fantástica deveria ser !?! É que os seus discursos mostram as tentativas que estão sendo feitas no nível central da saúde do mundo, no sentido de mudar esta caminhada da nossa civilização rumo à morte, já que o tabagismo mata uma em cada duas pessoas. Em suas mensagens, ora tenta estimular os fumantes a largarem o tabaco, ora alerta os que não são fumantes sobre os riscos da fumaça dos outros, ora pede que os governos se engajem na luta, inclusive, fornecendo tratamento adequado aos que manifestam desejo de parar de fumar e ora relembra o poder da indústria do tabaco em aliciar novos adeptos e corromper consciências.

Se, no capítulo anterior, com as palavras do Senador americano Robert 'Bob' Francis Kennedy, vocês puderam tomar contato com o pensamento geral sobre o assunto reinante na década de 60, há quase 40 anos, pelos discursos da Dra. Brundtland, atualíssimos, vocês poderão ver que, sob certos aspectos, pouco avançamos nestes anos todos.

Bom, chega de me justificar... Se vocês tiverem disposição de encarar, ouçam Gro...

Dra. Gro, discurso de posse, assumindo compromissos, em 1998.

. Discurso de 1999_ (Campanha da OMS_ 'Deixe o maço para trás')

“ Abandonar o fumo não é fácil. Nós sabemos que a nicotina é um adictivo poderoso. Todos nós conhecemos pessoas que tentaram abandonar o fumo, para encontrarem-se de volta a ele alguns meses mais tarde.

Este é um desafio para todos e nós teremos que vencê-lo. Sabemos que ajudar mais fumantes a abandonarem o vício é a chave para reduzir a estimativa de mortes tabaco-relacionadas para as próximas duas décadas.

Um estudo recente, feito num grande país desenvolvido, revelou que 2/3 dos fumantes, erroneamente, acreditam que o fumo provoca pouco ou nenhum dano. Poucos estão interessados em abandoná-lo definitivamente. No momento, a maioria dos fumantes que consegue parar, faz isso sem ajuda formal.

Mas, precisamos aumentar muito as taxas de abandono. Hoje, sabemos que existem tratamentos com sucesso e custo-benefício adequado. Terapias de reposição de nicotina, tais como, chicletes, sprays nasais, inaladores e adesivos, assim como, medicamentos sem nicotina, como a Bupropiona, que podem dobrar as chances das pessoas em abandonar o vício. Isto deveria estar amplamente disponível, mas o custo deveria ser reduzido ainda mais, para trazê-los ao alcance de todos no mundo.

A boa nova é que há ganho de saúde real ao parar-se de fumar em qualquer idade. Aqueles que abandonam no início dos 30 anos, gozam de uma expectativa de anos de vida similar aos que nunca fumaram.

Eu (Gro Brundtland), portanto, convido a todos os fumantes a darem um gigantesco passo na direção de uma saúde melhor e a DEIXAR O MAÇO PARA TRÁS”.

. Discurso de 2000_ De Sanam Luang, Bangkok. (Campanha da OMS_ ' Não se deixe enganar, o cigarro mata')

“ Vsa. Alteza Real, Vsas. Excelências, distintos convidados, caros colegas,

Nós estamos reunidos aqui hoje, para celebrar a vida. Aqueles dentre nós que já tem alguns anos rodados, sabem que isto traz momentos de luta e esforço, mas também satisfação e alegria.

Hoje é um destes momentos. Eu estou honrada por fazer parte das celebrações, num país onde saúde melhor é o elemento chave de uma política de governo. Estou grata, por me haverem convidado a partilhar isto com vocês.

Aqui, em Sanam Luang, nós estamos no centro da valorosa história da Tailândia. Aqui, e nas ruas em torno de nós, tailandeses defenderam a democracia. A Tailândia é um país soberbo e corajoso. A sua luta contra a tirania e a dominação estrangeira é uma inspiração para todos.

Isto também é verdadeiro, quando vocês decidem lutar contra o tabaco. A Tailândia tem um lugar especial no esforço mundial.

Dez anos atrás, a Tailândia respondeu fortemente contra o anseio da indústria do tabaco que buscava novos mercados e novas vítimas.

Quando enfrentaram sanções comerciais punitivas, vocês criaram o Comitê Nacional para o Controle do Uso do Tabaco. Vocês lançaram uma campanha nacional de assinaturas que mobilizou a sociedade civil e advogados através do país. Vocês aumentaram impos- tos, impuseram banimentos à publicidade e criaram leis para proteger os não-fumantes e as crianças. Vocês fizeram tudo o que um país pode fazer para proteger a sua população contra a investida furiosa do tabaco.

Vocês mostraram ao mundo que quando há desejo político, há uma forma de avançar-se em saúde pública.

Os resultados são inspiradores. O fumo entre as mulheres e a juventude está diminuindo. Isto significa um milhões de fumantes a menos e milhares de vidas salvas. O ar puro em ambientes fechados pode não ser ainda uma realidade, mas isto agora entrou no debate.

Apesar do sucesso de vocês, a Tailândia sabe, melhor do que ninguém, que a luta contra o tabaco nunca acaba. Uma vez que elas estejam lá, as companhias multinacionais do tabaco trabalham incessantemente para promover os seus produtos e bloquear ou subverter tentativas de reduzir o consumo de tabaco.

Outros países da frente de combate _ Canadá, Noruega, África do Sul, Estados Unidos e Finlândia, para citar alguns_ nos dizem a mesma coisa. A batalha contra a Big Tobacco nunca termina. Assim que taxas de consumo de tabaco pareçam cair, táticas agressivas de marketing direcionadas às mulheres e aos jovens são lançadas.

A indústria do tabaco intuiu, tempos atrás, que ela não poderia vender os seus produtos pelos seus próprios méritos. Afinal, um cigarro é o único produto de consumo obtido livremente, que mata por sua utilização normal. Assim, a indústria estudou o nosso sistema nervoso central, para determinar a dose certa de nicotina para desenvolver adicção (escravidão). E, para atrair novos fumantes, as companhias vendem tabaco como um estilo de vida. Juventude, vida selvagem, esportes, ar livre _ tudo é utilizado para camuflar os efeitos mortais do tabaco.

A publicidade do tabaco aparece em eventos esportivos, em discotecas e concertos populares. Quando bane-se a propaganda do fumo, eles usam outras formas de promover o tabaco e manter as suas marcas visíveis. Eles vendem roupas de aventura e artigos esportivos. Eles patrocinam festivais de arte. Eles garantem que estrelas de cinema fumem na tela.

O tabaco é uma doença da comunicação. Comunicação através do marketing. Isto foi o motivo de termos decidido enfocar este DIA MUNDIAL SEM FUMO na indústria do entretenimento. Nós queremos que o mundo saiba como os produtos de tabaco são direta e indiretamente anunciados através de filmes, músicas e esportes.

A indústria do tabaco busca 11.000 novos fumantes a cada dia, para substituir aqueles que morrem por doença tabaco-relacionada. E, eles conseguem. Todos os dias, entre 82.000 e 99.000 adolescentes _ mesmo crianças_ começam a fumar ou a mascar tabaco.

Os adultos podem fazer as suas escolhas, pelo menos se eles têm acesso à informação suficiente. Crianças e adolescentes não o podem. Mais de oitenta por cento dos fumantes, na maioria dos países, iniciaram-se antes dos 18 anos. Quando eles percebem que a nicotina é escravizante, já é tarde demais.

Neste dia, enquanto países em todo o mundo celebram o DIA MUNDIAL SEM TABACO, que lugar melhor do que a Tailândia para dizermos: ‘O TABACO MATA – NÃO SE DEIXE ENGANAR’.

Amigos, nós sabemos que a indústria do tabaco é uma força global. Nós sabemos que sucessos nacioais como a experiência tailandesa, podem ser desfeitos, se não são globalmente apoiados.

Há 4 milhões de mortes por ano. A não ser que nós ajamos, este número alcançará os 10 milhões em 2030. Setenta por cento destas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento. A não ser que nós ajamos, o tabaco vai matar mais pessoas do que a malária, a tuberculose e as condições materno-infantis juntas.

E, lembrem-se: todas as mortes tabaco-relacionadas são preveníveis. Esta é a nossa mensagem. Este é o nosso desafio. Nós podemos salvar milhões de vidas.

Dra. Gro, assinatura do livro_ dia da posse, em 1998

. Discurso de 2001_ De Genebra, Suiça. (Campanha da OMS_ 'Vamos limpar o ar', alerta sobre o fumo passivo)- ( opções em inglês ou em francês ).

“ Amigos, nós todos sabemos que o tabaco mata. Este ano, nós queremos usar o Dia Mundial Sem Tabaco para dizer a todo mundo que o tabaco também mata os não fumantes. Vamos ser claros sobre isso. O fumo passivo também mata.

Está bem documentado, através de sólida ciência, que o fumo passivo causa câncer e contribui para inúmeras doenças pulmonares e cardíacas. Ele pode causar asma e tem sido incriminado por várias outras doenças respiratórias em crianças, tais como, a síndrome da morte súbita de bebês e infecções de ouvido médio.

Os cientistas concordam que não há nível saudável de exposição ao fumo passivo. Ele deveria simplesmente ser evitado. Nem ar condicionado, nem separação em áreas de fumantes, limpam o ar completamente. A melhor proteção é não se expor à fumaça de segunda mão de forma alguma, seja dentro ou fora de casa.

A realidade, entretanto, é diferente. Nós todos estamos expostos à fumaça de segunda mão, praticamente em qualquer lugar que estejamos. Em cafés, em aeroportos, nos shopping centers e, freqüentemente, em locais de trabalho. Nos países onde não existe controle do fumo, as pessoas estão expostas a ele o dia inteiro, todos os dias. Como estão, as pessoas que trabalham em bares e restaurantes.

A Organização Mundial da Saúde estima que aproximadamente 700 milhões de crianças do mundo (praticamente a metade das existentes) estejam expostas à fumaça de segunda mão. Ao contrário do que a ciência nos indica, entretanto, em muitos lugares é tão aceitável fumar, e tão rude e incomodativo protestar, que preferimos não reclamar sobre o fumo passivo.

A hora chegou para protestarmos. Nós temos direito a respirar ar limpo. Nós temos direito à boa saúde e a proteger nossos amigos e família. Nós necessitamos limpar o ar da fumaça de segunda mão. Hoje, estamos clamando pelo banimento do fumo em lugares públicos.

Tal banimento oferece uma solução prática para manter o ar limpo e saudável para as pessoas, tanto as fumantes quanto as não fumantes. Ele enfatiza o direito das pessoas à saúde e contribui para fazer do fumo uma exceção, ao invés de uma norma. Do Canadá à Tailândia, da Austrália à África do Sul, onde quer que o banimento do fumo tenha sido levado a cabo, ele acabou ajudando as pessoas a abandonar o tabaco.

Quanto mais amplo o banimento do fumo seja, maior é o consenso social de que o uso de tabaco é inaceitável. A indústria do tabaco sabe disso muito bem e eles tiveram medo disso por muito tempo. Eles estão trabalhando duro para se prevenirem contra nós, tirando o perigo do fumaça de segunda mão.

A indústria do tabaco gasta milhões de dólares tentando convencer trabalhadores e governos de que melhor ventilação, ou mera cortesia, podem resolver o problema do fumo passivo. Eles fizeram de tudo o que podiam para retardar ou tirar a importância das ações sobre o fumo passivo.

É a hora em que a saúde vence a retórica. Nós precisamos limpar o ar da desinformação sobre o fumo passivo.

Nós precisamos tomar de volta o nosso direito à saúde e à vida. Nesse Dia Mundial Sem Tabaco, vamos convidar nossos pais, parceiros, empregados e nossas autoridades eleitas a garantirem um mundo livre de fumaça. Vamos nos empenhar em proteger a nós mesmos, aos outros, as nossas crianças e nossas famílias, da fumaça de segunda mão.

Eu estou especialmente satisfeita em estar aqui, em Genebra, neste belo dia, com vocês todos. A petição que tantos de vocês assinaram, é o tipo de ação que precisamos para garantir que o nosso ar permaneça limpo e que as crianças de Genebra possam crescer livres da fumaça de segunda mão”.

. Discurso de 2002_ De Varsóvia, Polônia. (Abertura da Convenção sobre Tradado Mundial para o Controle do Tabaco_18/fev/2002)- ( opções em inglês ou em francês, ou em alemão, ou em russo).

Honrados Primeiros-ministros, Ministros da Saúde, Secretários de Estados, Diretores-Gerais para a saúde, distintos representantes dos Estados Membros, Organizações Internacionais, Senhoras e Senhores.

Eu estou honrada em encontrar tantos de vocês aqui em Varsóvia. Nós estamos aqui para dar suporte político para a resposta internacional à epidemia do tabaco, e contribuir para um progresso rápido no desenvolvimento, e na posterior implementação, da Convenção para o Controle do Tabaco pelos Estados Europeus membros e pela União européia.

Um objetivo importante desta conferência é o de rever o trabalho feito ao dar-se cabo das recomendações da Política do Tabaco da Conferência Européia da Organização Mundial da Saúde, deliberadas em 1988, e os três consecutivos Planos de Ação para uma Europa Livre-de-Tabaco. Nós agora precisamos criar os princípios orientadores para o desenvolvimento e adoção do Quarto Plano de Ação em 2002. A Conferência objetiva fortalecer as parcerias entre Governos Europeus, a União Européia e um número de organizações não governamentais envolvidas no controle do tabaco. Eu espero que a Conferência prove ser um importante marco na direção de uma Europa Livre-de-Tabaco.

Desde que muitos de nós nos encontramos na 11a. Conferência Mundial para Tabaco e Saúde, em Chicago, em agosto de 2000, aproximadamente 6 milhões de pessoas morreram devido ao tabaco. Portanto, bem francamente: qualquer atraso na implementação de políticas efetivas significa mais mortes.

Lembrem-se: a ameaça imposta pelo tabaco à saúde global não tem precedentes. O tabaco mata em torno de 4,2 milhões de pessoas todos os anos, constituindo a maior causa mundial isolada de mortes preveníveis. 1,2 milhão deste número incrível de mortes ocorrem na Europa. Como o consumo de tabaco aumenta no mundo todo, especialmente entre os jovens e pessoas dos países em desenvolvimento, ele vai matar 10 milhões de pessoas por ano por volta de 2020.

A Europa tem feito muito para controlar o consumo de tabaco. Entretanto, a prevalência do ainda está alta, com 38% dos homens e 23% das mulheres usando tabaco. Há onze países no leste europeu que têm prevalência de fumo entre os homens com taxas acima de 50%. Em 1996, 52,3% dos médicos na Bulgária fumavam. Apenas cinco países na Europa: Finlândia, Islândia, Itália, Eslovênia e Suécia, nos anos recentes, foram capazes de reduzir a prevalência do fumo abaixo de 25% para a população adulta.

Além das altas taxas de prevalência entre os homens, surge uma outra preocupação, com o aumento do consumo de tabaco entre as mulheres e os jovens. Agora, mais do que nunca, há necessidade de lutarmos contra o marketing e as atividades promocionais da indústria do tabaco que têm como alvo as mulheres e os jovens. O foco original da indústria do tabaco deslocou-se. Antes eram os homens dos países desenvolvidos, agora é a mulher nos países desenvolvidos e o homem nos países em desenvolvimento. Como resultado, hoje, na maioria dos países desenvolvidos, as mulheres fumam como os homens e estão começando a morrer como os homens.

De acordo com a Pesquisa Global sobre Tabaco na Juventude, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde e os Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, crianças escolares, entre 13 e 15 anos de idade, relatam imensa exposição ao fumo passivo. Aqui, na própria Varsóvia, 7 em 10 estudantes vivem em casas onde outros fumam e ainda estão expostas à fumaça em locais públicos. A pesquisa, que cobre 75 locais em 43 países diferentes, relata que aproximadamente 25% dos estudantes fumaram os seus primeiros cigarros em torno dos dez anos. Os dados também mostram que seis entre 10 estudantes que fumam desejam parar de fazê-lo, demonstrando a importância de focalizarmos no processo de cessação, não apenas os adultos, mas também os jovens.

A mensagem é clara: o marketing da indústria do tabaco certamente não deve estar associado a qualquer atividade para a juventude. É essencial não pegar dinheiro das companhias de tabaco para campanhas de prevenção para os jovens. Eu sei que muitos de vocês já foram contatados.

Porque eu digo isto com tanta dureza?

Os programas de prevenção para os jovens financiados pela indústria do tabaco tem como objetivo dizer aos jovens que fumar é um hábito de adultos. As mães e pais dentre vocês sabem que não há indução maior para fumar que ter esta prática apresentada como uma atividade adulta. As campanhas para a juventude apoiadas pela indústria são direcionadas ao aumento geral do consumo. Não se tornem, ingenuamente, parte das tentativas da indústria do tabaco em reabilitar a sua reputação manchada.

Como eu mencionei, o uso do tabaco é responsável por 1,2 milhão de mortes na região européia da Organização Mundial da Saúde, anualmente. Durante os últimos 10 anos, os países que implementaram fortes políticas de controle do tabaco viram uma queda nas taxas de mortalidade. Mas nos países onde o marketing e promoção da indústria do tabaco permanecem sem controle, o perigo permanece e realmente clama por soluções.

A Europa continua sendo o principal alvo da indústria do tabaco. São muitos os exemplos recentes de marketing inteligente. A companhia Anglo-Americana de Tabaco (British American Tobacco_BAT) lançou uma campanha de venda a varejo de tabaco em lojas, chamada “Lucky Strike” em Amsterdã, tendo como alvo o mercado de jovens de 18-25 anos. Além dos produtos de tabaco e dos acessórios relacionados ao fumo, as lojas também vendem revistas, jornais, bebida e comida. Uma área de descanso e café grátis também é oferecida. Se as lojas de Amsterdã obtiverem êxito, o conceito será expandido internacionalmente. Como um exemplo de formas potenciais de contra-atacar o marketing agressivo, a Califórnia cuidou do problema de alcançar a faixa etária crítica dos 18-25 anos, banindo o uso do tabaco em bares e pubs.

A indústria continua a aproveitar-se dos esportes para vender os seus produtos mortais. Na Hungria, apesar do banimento da publicidade, que foi levada a cabo em janeiro de 2002, o patrocínio de esportes, como o Grande Prêmio Marlboro da Hungria (Marlboro Hungarian Grand Prix) continua. O patrocínio de esportes continua, como o Tabaco Imperial (Imperial Tobacco) que patrocina um evento de motociclismo na Irlanda do Norte.

Eu gostaria de repetir que o tabaco é uma doença comunicada – comunicada através da publicidade e dos patrocínios. Uma forma particularmente perniciosa deste marketing pode ser vista nos estádios e arenas de todo mundo. As companhias de tabaco alegam que elas não têm como alvo a juventude, mas na prática elas asseguram o patrocínio e a publicidade que floresce em eventos que atraem os jovens.

As pessoas agora estão pedindo ação. Em resposta ao apelo global por ação, a Organização Mundial da Saúde lançou uma campanha para limpar os esportes de todas as formas de tabaco. O que significa: o consumo de tabaco, a exposição ao fumo passivo, a publicidade, a promoção e o marketing do tabaco. Eu estive nos Jogos Olímpicos de inverno de 2002, em Salt Lake City, para celebrar o evento como sendo Livre-de-Tabaco. Kofi Annam, Secretário-Geral das Nações Unidas, e o Dr. Jacques Rogge, Presidente do Comitê Olímpico Internacional, uniram-se a mim nesta viagem.


Este ano, o Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, coincide com a abertura da Copa do Mundo de futebol, na República da Coréia. Todo o evento na Coréia e no Japão será Livre-de-Tabaco. Eu peço a vocês que participem deste movimento pelos Esportes-Livres-de-Tabaco e protejam o seu povo do marketing mortal das companhias de tabaco.

Nós também precisamos estar vigilantes sobre as outras técnicas de marketing usadas pela indústria do tabaco. Além dos programas para jovens e de esportes, a indústria tenta comprar boa vontade através de outros meios. As suas atividades promocionais incluem focar instituições educacionais e científicas. A Universidade de Nottingham, no Reino Unido, recentemente aceitou 3,8 milhões de libras esterlinas da Tabaco Anglo-Americano (BAT), para criar um Centro Internacional para Responsabilidade Corporativa. Em protesto, Richard Smith, editor do Jornal Médico Britânico (British Medical Journal), demitiu-se de seu posto como professor de jornalismo médico da Universidade. A mídia também não está isenta. Um jornalista do Reino Unido, Roger Scruton, foi recentemente denunciado pelo recebimento de pagamento da Tabaco Internacional do Japão (Japan Tobacco International), para colocar artigos criticando a Organização Mundial da Saúde e o controle do tabaco, revelando uma campanha orquestrada contra o tratado global que vocês estão negociando agora. Ele fracassou ao revelar a sua ligação com a Tabaco Internacional do Japão em suas matérias contra o controle do tabaco no Finacial Times, The Guardian, The Independent, e Wall Street Jornal Europe.

Muitos países nesta região têm atacado a mortalidade do tabaco de uma forma bem agressiva. Aqui na Polônia, uma forte legislação tem sido implementada, incluindo a promoção de ambientes livres de fumaça, fortes advertências sobre a saúde, e um banimento da publicidade. Recentemente, a Parlamento Austríaco adotou legislação para proteger os trabalhadores do fumo passivo, proibindo o fumo na maioria dos locais de trabalho. As receitas pelo aumento dos impostos sobre o consumo de tabaco no Reino Unido têm sido utilizadas para reforçar o controle do contrabando. Na Federação Russa, uma nova legislação banindo o fumo em locais públicos foi instituída. Às companhias de tabaco também foi requerido que comecem a colocar advertências na faces anteriores e laterais dos maços e que encontrem novos níveis de alcatrão e nicotina. O Canadá e o Brasil lideraram este movimento impondo advertências e fotos realísticas nos maços, e eliminando descrições enganosas nos maços de cigarros.

Vocês deram muitos passos, mas há necessidade de mais.

Os fumantes passivos na Europa precisam tornar-se ativos politicamente na demanda pelos seus direitos ao ar puro, e a não serem enganados pelas políticas auto-regulatórias das indústrias. A legislação sobre a fumaça ambiental do tabaco tem que ser priorizada pelos governos como um instrumento de controle do tabaco.

Nós encorajamos vocês a agirem também no campo econômico. O Banco Mundial concluiu que os aumentos do imposto e do preço são os mecanismos mais poderosos para reduzir a demanda de tabaco. O aumento do preço dos produtos do tabaco é o método mais eficaz de frear a prevalência e consumo dos produtos de tabaco. Este aumento também pode induzir os fumantes a consumirem menos tabaco ou persuadi-los a abandoná-lo. Ele pode ajudar a prevenir os ex-usuários de recomeçarem.

Os aumentos nos preços afetam mais do que tudo o comportamento do jovem e dos pobres, que tendem responder mais às mudanças de preço do que os indivíduos mais velhos e mais abastados.

Recentemente, vários países como Canadá, França, Irlanda, África do Sul, Tailândia e o Reino Unido, acabaram de levantar os dados do impacto que aumento dos preços pode ter sobre a saúde de suas populações e elevaram os impostos sobre o tabaco para melhorarem os seus indicadores de saúde.

O fato de que 1 bilhão de Euros são gastos todos os anos subsidiando a produção de tabaco precisa ser denunciado. Eu me associo a David Byrne, Comissário Europeu para a Saúde e Proteção do Consumidor (Health and Consumer Protection), clamando pelo fim dos subsídios ao tabaco nesta região como um elemento chave no desenvolvimento de uma estratégia compreensível e coerente de controle do tabaco na Europa.

O recente relatório da Comissão de Macroeconomia e Saúde (Report of the Commission on Macroeconomics and Health) aponta para a importância do controle do tabaco. O relatório revela que apenas poucas condições sanitárias são responsáveis por uma alta proporção de mortes evitáveis nos países pobres e que medidas bem-focadas poderiam salvar a vida de milhões de pessoas diariamente. As doenças tabaco-relacionadas estão entre estas condições sanitárias, tornando o controle do tabaco de bom investimento de adequado custo-benefício para os governos.

A Convenção para o Tratado sobre o Controle do Tabaco, que vocês estão aqui para discutir, é parte da solução global do problema imposto pelo tabaco. O objetivo maior do tratado e das negociações que vocês estão tomando para si é o de salvar vidas. Este é o ponto principal que o mundo deve ater-se.

Nós pedimos a vocês que mantenham o processo de negociação com transparência e se previnam da influência injusta da indústria do tabaco. Todos devemos trabalhar juntos para ter uma Convenção eficaz que proteja todos os países. Os países ascendentes e os em desenvolvimento podem conduzir os países desenvolvidos ainda atados ao tabaco. Nunca diminuam a suas ações por questões de curto-prazo: criem barreiras, isto significa um povo mais saudável e o povo mais saudável significa menos pobreza.

Como disse recentemente o Comissário Byrne, “quanto mais progresso nós possamos alcançar em âmbito global no controle do tabaco, quanto mais vidas nós podemos salvar desta epidemia e algumas decisões duras serão necessárias ao longo do caminho pelas partes concernentes”. Nós estamos confiantes que os governos completarão as negociações em torno de 2003, com um forte Tratado para o Controle do Tabaco, pronto para ser implementado por cada Estado Membro.

A cada 8 segundos alguém morre por causa do tabaco.

Vamos trabalhar juntos, com ação positiva para controlar o tabaco _ pela saúde de nossos países, e pela saúde de nossos filhos e netos.

Obrigado (Thank you).

. Discurso de 2002 (2)_ De Genebra, Suiça. (Doença Cardio-vascular: reduzindo os riscos_ 16/ago/2002) - ( opção em inglês ).

Presidente, Distintos delegados, Senhoras e Senhores,

As negociações, para as quais estamos nos preparando no momento, realçam o principal risco para a saúde pública: o tabaco.

Como vocês sabem, o tabaco representa um papel importante no aumento dos custos das doenças cardiovasculares, tais como ataques cardíacos e derrames cerebrais. Novos instrumentos de análise, usados na preparação do Relatório Mundial da Saúde de 2002, levaram a novas evidências sobre o tamanho, e sobre a possibilidade de prevenção, dos principais riscos nesta área.

Hoje, estes dados recentes serão liberados e eu quis partilhar esta informação com vocês.

Um novo e significativo achado é o de que a pressão sanguínea sozinha causa por volta de 50% das doenças cardiovasculares pelo mundo. O colesterol causa em torno de um terço. Estilos de vida inativos, uso de tabaco e pequena ingestão de frutas e vegetais contribuem com 20% cada. Vocês podem observar que isto dá mais do que 100%. A razão é que vários destes riscos se sobrepõem.

De forma geral, aproximadamente 75% das doenças cardiovasculares podem ser atribuídas aos riscos estabelecidos mencionados no relatório, uma taxa bem mais alta do que os 30 a 50% comumente citados. O peso está igualmente distribuído entre homens e mulheres.

O fardo global de doenças devido à pressão sanguínea é duas vezes maior do que se pensava inicialmente. Isto reflete os recentes achados de como a hipertensão arterial está associada à doença cardíaca e ao derrame cerebral, em populações muito diversas em todo o globo, e o fato de que a maioria das pessoas tem níveis sub-ótimos de pressão arterial.

No total, 10 a 30% dos adultos em quase todos os países sofrem de hipertensão arterial, mas uma quantidade adicional de 50 a 60% dos adultos estaria em melhor saúde se eles tivessem pressão arterial mais baixa. Mesmo pequenas reduções na pressão arterial para esta ‘maioria silenciosa’ reduziria o risco deles de apresentarem ataques cardíacos e derrames cerebrais. Um padrão muito similar ocorre para o colesterol.

A mensagem chave deste Relatório é a de que mais de 50% das mortes e incapacitações por ataques cardíacos e derrames cerebrais podem ser evitados pela simples combinação, custo-efetiva, esforço nacional e ações individuais para reduzir os principais fatores de risco tais como a hipertensão arterial, o colesterol alto, a obesidade e o fumo. Juntos, a doença cardíaca e os derrames cerebrais matam mais de 12 milhões de pessoas pelo mundo anualmente. Portanto, poderia haver uma quantidade enorme de vidas salvas.

O Relatório revela que a maior parte da carga global devida aos riscos cardiovasculares ocorre no mundo em desenvolvimento. Este é um resultado dos níveis de fatores de risco já altos e que ainda estão elevando-se mais _ como o colesterol alto _ e o aumento e o envelhecimento das populações. O tabaco, a pressão sanguínea e o colesterol são os riscos líderes nos países industrializados, juntos significando a perda de mais de um quarto de anos de vida saudável. Mas eles também aparecem de forma proeminente nos países de médio desenvolvimento e estão começando a aparecerem como riscos principais nos países em desenvolvimento mais pobres.

A necessidade de controlar a doença cardiovascular é especialmente importante nos países pobres, porque ela coloca uma carga dupla nos sistemas de saúde nacionais. Estes países já têm que lidar com as doenças infecciosas. Nas novas mega-cidades do terceiro-mundo, nós vemos doença em massa, devidas à subnutrição, lado a lado com a precária saúde cardiovascular.

Se nenhuma ação for empreendida para melhorar a saúde cardiovascular e as atuais taxas continuarem, o Relatório estima que 25% a mais de anos vida saudável serão perdidos globalmente para a doença cardiovascular, em torno de 2020. A explosão deste aumento vai ser arcada pelos países em desenvolvimento.

A tendência na direção do aumento da doença cardiovascular nos países em desenvolvimento pode ser particularmente perigosa nos países e comunidades mais pobres. Nos países industrializados, a incidência de doença cardiovascular aumentou entre os pobres e as minorias, enquanto o grupo com mais recursos foi capaz de reduzir a sua incidência nas últimas décadas. Se esta tendência se repetir nos países em desenvolvimento, os mais pobres do mundo pobre serão aqueles que estarão sob maior risco.

Estas novas descobertas têm o potencial de salvar milhões de vida.

Intervenções generalizadas junto à população são os métodos de redução de risco de maior relação custo-benefício. Elas deveriam ser as primeiras a serem consideradas em todos os cenários. As condições modernas dos dias atuais freqüentemente significam que os indivíduos, particularmente os pobres dos países em desenvolvimento, têm pouco controle, eles próprios, sobre os principais fatores de risco. Por exemplo, os pobres urbanos freqüentemente só podem comprar comida industrializada com altos teores de gordura e sal. Muitas dessas comidas industrializadas - pães, sopas, carnes, etc. – têm concentrações de sal que se aproximam e, às vezes, até excedem aquelas encontradas na água do mar.

O Relatório Mundial da Saúde de 2002 conclama os países a adotarem políticas e programas que promovam intervenções em larga escala junto às populações, tais como, a redução de sal nos alimentos industrializados, o corte na dieta gordurosa, o encorajamento para a realização de exercícios físicos e o aumento do consumo de frutas e vegetais, ao lado da redução no consumo de tabaco. Nós precisamos de políticas que façam as escolhas mais saudáveis serem as escolhas mais fáceis.

Entretanto, a melhoria mais imediata na saúde cardiovascular pode ser alcançada com uma combinação de drogas _ medicamentos para abaixar o colesterol, doses baixas das drogas hipotensoras comuns e aspirina _ dadas diariamente às pessoas com risco elevado de ataques cardíacos e derrames cerebrais. Esta terapia combinada, que tem uma alta eficácia, poderia ser utilizada de forma bem mais ampla no mundo industrializado e ser progressivamente tornar-se accessível no mundo dos países em desenvolvimento.

Em muitos países, muito foco tem sido colocado nas intervenções uma-a-uma, entre pessoas com risco médio para doença cardiovascular. Um melhor uso dos recursos seria focar naqueles que têm risco elevado e utilizar outros recursos para introduzir esforços para redução dos fatores de risco através de múltiplos programas e políticas educacionais e econômicas.

A nossa nova pesquisa destaca que muitas das novas técnicas para redução dos fatores de risco para doença cardiovascular são muito baratas, de forma que mesmo países com orçamento para gastos em saúde muito limitados podem implementá-los e baixar significativamente as suas taxas de doença cardiovascular.

Poucos Governos já começaram a desenvolver uma parceria exitosa com a indústria de alimentos para reduzir o sal e a gordura dos alimentos industrializados. A Organização Mundial da Saúde está no momento discutindo as orientações para isto.

O Relatório clama por estratégias novas e pensamentos novos. Está cada dia mais claro que pessoas com o risco elevado se beneficiam com o tratamento combinado _ totalmente independente do que inicialmente fez o risco delas ter sido elevado e quais são os seus níveis de fatores de risco atuais. Esta é uma mudança de paradigma para muitos médicos.

O Relatório também sugere que os grandes recursos que agora são freqüentemente alocados para a detecção, tratamento e monitoração das pessoas que, comparativamente acham-se entre os que têm baixo risco de ataques cardíacos ou derrames cerebrais, poderiam ser reduzidos, enquanto recursos maiores poderiam ser aplicados naqueles indivíduos com múltiplos fatores de risco que são os de mais alto risco e que agora, com freqüência, são tratados de forma insuficiente.

A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um sistema novo de identificação e referência de intervenções em saúde com custo-benefício consistentemente viável em vários cenários. Nós o chamamos CHOICE (ESCOLHA, em português). Várias opções de CHOICE existem num novo banco de dados estatístico que também faz parte do Relatório Mundial da Saúde 2002. Estas intervenções podem ser implementadas na base, dependendo das circunstâncias de cada país.

O projeto CHOICE da Organização Mundial da Saúde detectou que diversas abordagens para gerenciar fator de risco para doença cardio-vascular já bem estabelecidas encontram tranqüilamente padrões internacionais para custo-efetividade, mesmo nos países mais pobres do mundo.

O imposto sobre o tabaco é um exemplo muito bom. Os países que elevam dramaticamente os impostos sobre o tabaco testemunham uma quase imediata redução no seu uso e constatam a correspondente melhoria na saúde cardiovascular muito rapidamente. Um maço de cigarros a 7 dólares irá, a longo prazo, convencer os fumantes a abandonarem e os não fumantes a não começarem.

Os Governos, a Indústria e a Sociedade Civil podem trabalhar juntos para estimular as mudanças de comportamento necessárias para reduzir o risco entre as populações. As melhores abordagens vão diferir de país para país, mas os benefícios para todos serão imensos.

Obrigada.

Texto e imagens extraidos do site:http://www.cigarro.med.br