
"A oxigenoterapia agregou qualidades à minha vida em todos os sentidos. Devolveu-me a alegria de viver, o direito de dormir. Eu tinha medo de morrer durante o sono. Hoje eu tenho certeza de que tenho uma vida pela frente. Tenho mais disposição e independência. Antes, eu dependia de minha esposa para quase tudo", revela.
Silva desenvolveu bronquiectasia há 30 anos, num pós-sarampo e por quatro anos tratou pneumonia de repetição como quadro de infecção repetitiva, em um hospital da cidade de São Paulo. Durante o tratamento, foi diagnosticada uma bronquiectasia do lado direito, que se espalhou, se tornando bilateral.
Segundo Silva, a rotina de internação para pacientes que não recebem tratamento domiciliar limita as atividades dos doentes. "Eu não tive como estudar. Por muito tempo, tinha de receber oxigênio 24 horas por dia e vivia mais no hospital do que em casa." Ele lembra que, só em São Paulo, registrou uma média de 52 internações e, em Campinas, uma média de 18. O tratamento com oxigênio teve início somente depois de uma tuberculose, doença à qual o paciente de DPOC é muito suscetível. Em 2000, ao iniciar o tratamento domiciliar passou a ser internado de quatro em quatro meses apenas.
A médica Ana Maria Camino : humanização de tratamento

A pneumonologista explica que algumas doenças crônicas obrigam a utilização constante de oxigênio e acabam fazendo com que os pacientes passem mais tempo no hospital do que em casa. Ela acredita que o tratamento domiciliar é mais humano e mais tranqüilo para essas pessoas. "Desde 1989 o HC banca o tratamento domiciliar por entender que é importante manter o paciente em casa", diz.
Apesar de todo o esforço, os especialistas da área deparam com uma série de dificuldades, entre elas a transmissão do conhecimento da terapêutica a médicos, enfermeiros, família de pacientes. Os hospitais também encontram dificuldade em proporcionar a terapêutica por questões econômicas. De acordo com a professora, a conta de energia chega a aumentar em torno de 50%, e o aluguel dos equipamentos custa entre R$ 200 a R$ 300.
Para Ana Maria, a discussão deve envolver representantes de prefeituras, ministério da saúde, Minas e Energia, secretários de estado e profissionais de instituições científicas. Segundo ela, alguns convênios médicos já acataram à idéia e vislumbram o tratamento.
No fórum, especialistas e pacientes ligados à Associação tiraram propostas para intensificar esse tipo de tratamento e também para viabilizar o tratamento medicamentoso a pacientes menos favorecidos. "A maioria dos pacientes é idosa, depende do salário mínimo para se tratar. Outros nem têm aposentadoria e dependem da família e nem sempre os postos de saúde dispõem de medicamento. E quando não têm, também não se preocupam em ligar em outras unidades para ajudar o doente a encontrá-lo", diz Marcos Lúcio Aurélio da Silva.
"É preciso que a família procure se informar, saber quais são as necessidades de um doente crônico, pois muitos se sentem constrangidos de pedir ajuda aos parentes e acabam ficando sem o tratamento medicamentoso. Imagine uma pessoa com um salário de R$ 260 pagar R$ 250 de energia elétrica". Encerra, falando sobre a importância do apoio recebido de sua família.
(Maria Alice da Cruz)
Fotos: Neldo Cantanti
Vida nova para Marcos Lúcio Silva depois da oxigenoterapia
[31/5/2005]
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