Eterna Gratidão á todas as familias movidas pelo amor / Campanha Pró- Transplante "RESPIRAR-IRESC"

AGRADECIMENTO AOS FAMILIARES DOS DOADORES DE ÓRGÃOS Este é um simples agradecimento diante da grandiosidade do ato da doação, por que na verdade nos sobram muitas palavras para expressar tamanha gratidão. Agradecemos a cada familiar pelo SIM à doação de órgãos que não somente salva a vida de alguém, mas que também muda o quadro de uma família inteira que vive a angústia da espera e a expectativa da mudança, quando essa mesma família doadora vive a angústia da perda. Quando este misto de alegria e tristeza, perdas e ganhos, lamentações e orgulho, sofrimento e liberdade vem à tona, os elos contrários que unem as duas famílias desconhecidas se entrelaçam para um objetivo comum SALVAR VIDAS. Diante desse elo de amor, a balança da vida mostra há essas duas famílias unidas por destinos diferentes e complementares lições valiosas: que a perda às vezes não significa perda; significa ganho. E que espera não significa dor; significa alegria. Obrigada você família, pela consciência e amor, puro e genuíno para com o próximo. E acreditamos que a cada dia, muitas famílias terão consciência do ato de doar e salvar vidas. E estas continuarão sendo como as ostras, que no momento que são feridas produzem a PÉROLA! ETERNA GRATIDÃO A TODAS AS FAMÍLIAS MOVIDAS PELO AMOR / Texto extraido do site:http://transplantepulmonar.com/agradecimento.html

quinta-feira, 17 de março de 2011

Á HISTÓRIA DE KELLY. PÓS TRANSPLANTE

Kelly, aguardando doador (Orgão = Pulmão )no Hospital de Clinicas (Incor-SP )


Kelly, pós transplante


Me chamo Kelly Fernandes da Cunha, tenho 29 anos e sou transplantada do pulmão e sou assistente de uma advogada. Nasci com uma doença chamada DISCINESIA CILIAR que consiste no NÃO funcionamento dos cílios do pulmão que tem a finalidade de limpar a secreção acumulada. Secundária desta doença veio a BRONQUIECTASIA que consiste no atrofiamento dos brônquios e junto ao acúmulo de secreção gera infecções. Comecei com os sintomas de falta de ar aos 2 anos de idade. Desde então fazia acompanhamento com médicos, mas tudo era tratado como uma simples bronquite. Aos 6 anos houve uma piora e assim ia mudando de médicos para outras opiniões e nada era descoberto. Cheguei aos 14 anos e logo comecei a trabalhar, pois precisava pagar meu convenio medico e muito gato com medicamentos e minha mãe não podia me dar todo o suporte necessário, por isso fui trabalhar. Comecei a ir num especialista pelo convenio que descobriu a Bronquiectasia e me disse que eu teria que aprender a conviver com isso. Claro que não aceitei tal argumento e inicie o tratamento. Fiz um tratamento com vacinas por 4 anos e nada de resultados. Por fim procurei outra opinião medica. Nessa nova tentativa outra decepção, o médico queria tirar um dos meus pulmões pra que eu tivesse mais um tempo de vida. Achei o maior absurdo e fui procurar outra opinião. Neste novo especialista tive esperanças, pois surtia efeito o inicio do tratamento, mas as coisas foram se agravando e passado mais 2 anos estava eu numa enorme piora com 22 anos de idade. Daí em diante foram muitas infecções e internações. Em certa internação aos 24 anos o medico que cuidava de mim me disse: Kelly eu não tenho mais antibióticos pra te dar, você já tomou a lista deles pra matar essa bactéria. Eu respondi: Ah Drº! Se não tiver mais nada, matam elas a paulada e sorri. Ele também sorriu e me disse: Vou te indicar um medico amigo meu, tenho certeza que ele te ajudará. Eu disse: Drº é o ultimo médico que eu procuro eu estou cansada! Nessa época já tinha deixado tudo de lado: trabalho, vida social, relacionamento, tudo!! Larguei tudo na vida pra cuidar somente da minha saúde.
Fui passar com esse medico muito carinhoso, atencioso gostaria muito de mencioná-lo Drº Adriano César Guazelli, que prontamente me atendeu e fez um estudo dos meus exames desde criança e logo depois me veio com a noticia que talvez fosse precisar de um transplante. Na hora nem me dei conta do que era isso. Nunca nem tinha ouvido falar em transplante pulmonar. Ele me disse que eu tinha sim BRONQUIECTASIA num estagio avançado, mas que ele tinha certeza que eu tivesse outra doença de base e teve a humildade de dizer que ele não tinha recursos pra diagnosticar tal doença mas que me encaminharia ao HC-SP onde lá sim descobririam e me tratariam com todo suporte necessário.

Mais que prontamente fui encaminhada ao HC-SP e numa junta medica, conversando sobre todo o meu histórico de doença diagnosticaram meu problema. Inicie lá um tratamento medicamentoso sem sucesso já pela gravidade do meu caso. Nessa época eu já usava oxigênio 24horas por dia, sem tirar pra nada. Numa nova consulta, me disseram do grupo de TX de Pulmão que seria minha única chance. O Drº me disse assim: Seu caso é só o transplante, demoraram muito a cuidar de você. E então quer pensar no transplante? Eu disse: Não! Não quero pensar. Quero o transplante agora com todas minhas forças.

Quero agora meu encaminhamento. Sai do HC e fui direto ao Hospital InCor fazer a parte burocrática. Comecei no inicio de 2006 a bateria de exames e em Julho de 2006 fui aceita na fila de transplantes. Foi inicio da alegria e angustia. Alegria em saber da chance de nascer de novo e angustia da espera. Fiquei por 2 anos na fila do transplante e nesses dois anos tive 4 internações e uma delas uma UTI onde fiquei entre a vida e a morte. Tinha somente 17% da capacidade pulmonar e estava numa seria infecção. Fui levada pra UTI num Hosp. Em Diadema, onde na ambulância não tinha oxigênio. Fiquei sem oxigênio por 17 minutos e isso tudo me agravou. Recordo-me que quando dei entrada nessa UTI eu disse assim a enfermeira: estou com medo! Ela disse: tá tudo bem Kelly, fica calma. Eu disse: eu não to bem Beth, mas eu volto! E logo depois tive uma parada cardíaca. Fiquei 14 dias entubada e a medica daquela UTI já me desenganava. Dizia nas visitas aos meus familiares que eu não sairia do tubo, que ela tentava e eu não reagia. A resposta da minha mãe era: Drª tente mais uma vez, Jesus tem cuidado dela. Você vai conseguir. E na outra visita tudo se repetia . Até que no 8ª dia de tubo , ela conseguiu tirar e eu respirei por 15 minutos, mas logo tiveram de colocar novamente. Minha mãe ficou muito feliz, pois somos uma família de muita fé e perseverança. Eu mesmo dentro de mim sabia que eu sairia dali vitoriosa. Não sei explicar, mas algo ardia dentro de mim na esperança de logo estar acordada de novo. E foi assim ao longo dos dias, ate que no 14ª dia , a Drª retirou o tubo e eu voltei a respirar. Ela ficou impressionada pelo estado da gravidade em que eu me encontrava. Na visita daquele dia ela chegou sorrindo, feliz com parte da recuperação e disse a minha mãe: O que sua filha tem que é tão forte? Uma vontade de viver que impressiona. Minha mãe respondeu: Nós temos a luz de Jesus, não disse a você que ele tem cuidado de nós?

Fiquei 30 dias nessa UTI, em dezembro de 2007. Passei Natal e no Ano Novo fui pra casa. Lembro-me nesse dia que eu chorei muito. Estava calor, eu ainda estava confusa da sedação e dos dias de entubação e sempre repetia: Ai quando vai chegar? Eu chorava. Esse era meu momento de fraqueza. Medo de não conseguir realizar o meu transplante. Logo depois tive outro problema serissimo com um irmão e acabou ficando muito doente. Meu irmão adquiriu um câncer de boca grave e minha família tinha que cuidar de duas pessoas bastante graves. Minha mãe e minha cunhada revezavam nos cuidados com ele e toda uma preocupação comigo, porque estava chegando no meu limite da falta de ar. Andar e comer já estavam ficando muito difícil.Já não conseguia mastigar os alimentos.Comia sopas e papinhas pra facilitar a respiração e não me cansar. Mas sempre tive a certeza do transplante. Quando internava, ria muito com enfermeiras, fazia amizades, pois eram quase um mês de internação por vez e mesmo diante de toda minha situação grave eu nunca deixei de sorrir ou brincar, nunca achei que não fosse dar certo. A minha angustia era só a espera, pois eu parecia estacionada, minha vida estava parada. Mas a esperança, a fé e a certeza ardiam dentro de mim.

Meu irmão teve uma piora enorme e foi para o Hospital e eu ficava em casa sozinha em casa e minha mãe me dizia: Fia, se o InCor te chamar pede ajuda aos vizinhos por que a mãe vai cuidar do seu irmão no hospital. E eu ficava ali quietinha, lendo meus livros, fazendo janta pra ela que não se cansasse mais quando chegasse em casa do Hospital. Meu irmão não resistiu a doença, faleceu no dia 06 Junho de 2008 e foi um choque pra mim porque ele era a minha referencia. Fiquei mal, chorosa, triste e no dia 8 Junho por conta dessa perda comecei a ter febres e o medico me internou. Minha angustia começou ali, pois meus pensamentos naquele momento eram: Meu Deus, e se eu morrer também, como fica a minha família? Iniciei o tratamento com antibióticos. Meus amigos transplantados iam me ver, conversar comigo e naquela semana todos diziam assim: Ah Kellynha, você vai transplantar logo. E no dia 19 de Julho de 2008 eu acordei estranha, pensativa, não queria conversar e fiquei assim o dia todo. Mas a noite eu resolvi sair do quarto e dar uma volta. Fui até a sala de visitas e lá fiquei olhando da janela os carros em plena 6ª feira de transito. Li um jornal que estava sob a mesa e depois disso resolvi orar a Deus e orei assim: Jesus, eu sei que Senhor conhece o meu problema e o meu coração. Mas hoje eu quero contar pro Senhor o que eu to passando e que eu to chegando no meu limite. Jesus o transplante não podia ser hoje?

Levantei-me, peguei meu oxigênio e voltei pro meu quarto pra tomar a medicação das 22 horas. Quando eu apontei no corredor do meu quarto uma enfermeira estava me procurando dizendo: Kelly, onde você estava? Tem um médico querendo falar com você. Fui até o balcão de enfermagem e esperei por ele. Ele apareceu e me disse: Kelly preciso de um RX seu agora. E eu muito curiosa respondi: Agora? Mas eu tirei um pela manha! Usa aquele. Ele com toda paciência disse: Não Kelly, precisa ser agora, preciso da suas medidas. Eu nada convencida disse: Mas pra que medidas? Conta-me então.

Ele disse: Tá bom. Aqui no HC tem um potencial doador pra você e acho que só dá pra você, por isso preciso das suas medidas.

Eu fiquei parada sem fala, por que eu tinha acabado de orar, pedir e fui atendida. E dizia a ele: É verdade? Você tá falando a verdade? Ele: sim Kelly, tem um doador. Vai pro seu quarto se preparar e fica calma. Parecia mágica, uma alegria extrema, parecia inacreditável, mágico mesmo.

Fui pro meu quarto, rindo, alegre, surpresa e não sabia pra quem eu ligava primeiro, família, amigos… Liguei pra minha família e pedi pra que todos viessem me acompanhar. Quando eles chegaram foi um misto de sentimentos, medo, alegria, tristeza por que meu irmão não estava lá…. Mas quando a maca chegou pra me buscar eu pensei no meu intimo: Agora é a hora da verdade. Se na minha oração Deus de pronto me abençoou, eu volto do Tx renovada! Subi na maca com calma, deixa minha família tranqüila e fui a pensamento assim: Jesus to aqui. Cheguei até aqui por Sua vontade e que ela continue sendo feita. Entrei pro Centro Cirúrgico numa cirurgia que duraram 15 horas e foi um sucesso.

Quando acordei da cirurgia, eu me sentia leve, com o ar entrando e saindo dos pulmões sem dificuldades, sentia uma leveza e muita alegria, estava muito feliz. E como Deus é maravilho ne? Minha família esta em plena tristeza da morte recente de 14 dias do meu irmão e de repente nos presenteia com a vida.

Passado um 1 ano e 9 meses, estou de volta a vida. Trabalho, viajo,namoro, dou palestras falando da minha experiência e falando da importância da doação de órgãos. Tenho uma vida extremamente feliz, sou e serei eternamente agradecida pela minha doadora e seus familiares e por toda equipe medica, enfermagem, assistência social, psicologia por tenho o melhor suporte pra minha saúde. Encontrei um amor na internet o Luciano que passou a mesma experiência que a minha. Ele no Rio Grande do Sul e eu em SP na lista de espera pro pulmão nos conhecemos, ficamos amigos e nos apaixonamos, hoje ele já transplantado também e com muita saúde, estamos namorando e felizes.

Meu objetivo de vida hoje é viver intensamente e fazer com que pessoas renasçam também sejam eles doentes fisicamente ou da alma, por que minha experiência de vida pode mudar a perspectiva de vida de alguém que acha que não tem mais nada pra viver. Tenho Deus, uma família linda que me apóia um namorado que eu amo e muitos amigos. Abraço todas as oportunidades dentro dos meus limites. O melhor da vida é viver e eu quero fazer isso intensamente e com muita alegria.

Kelly F. Cunha

Um comentário:

  1. Olá! Td bem? Eu me chamo Paulo, e tambem sou portador de Bronquiectasias, eu tenho 33% de funcionamento do pulmão. Uma pergunta, vc tinha a doença bilateral ou seja nos dois pulmões? Pq no meu caso é nos dois, e por este motivo eu não posso fazer nem transplante diz os médicos. Somente em ultimo caso! Sê puder me responder no e-mail: pascoal_paulo@hotmail.com eu lhe agradeço!

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